Mostrando postagens com marcador Aline Santos. Mostrar todas as postagens

Verbo: palavrear #1 | Encontrar-se

0 comentários
Dúvidas remanescentes de uma vida que pouco conheço constantemente me aborrecem, há algum sentido para tudo isso? Quem ou o quê pulsa aí dentro nesta máquina enigmática? Sentido, direção. Há de existir? Ou são apenas puras convenções implantadas em nossas mentes perturbadas, como chips? Devo buscar um sentido pra tudo, ou me conformar mesmo quando a vontade é de não se conformar? Vejo-me obrigada a correr atrás dessa felicidade que enoja? E se eu não for feliz? Há mal nisso? Devo quebrar tais convenções e ousar não fazer parte disso que considero uma grande farsa em busca de algo inatingível, ou devo segui-las e buscar meu amor eterno, idealizar pessoas, correr atrás da perfeição, mesmo não sendo perfeito? Talvez a resposta esteja aí: contradição, força motriz do universo, de nós, que me move, me move contra, é claro, contra tudo, às vezes a todos, contra, contradição, contrariar, e encontrar dentro dessa palavra talvez a elucidação dessa perturbação que agoniza ab initio, quem sabe ir contra seja justamente onde eu me encontre.

Leia mais »

E o Feminismo? Vai bem, obrigado!

0 comentários

Correm nas bocas miúdas que feminismo é coisa de mulher mal amada, solteironas que nunca tiveram um Homem com H maiúsculo para chamar de seu: elas odeiam os homens, sussurram por aí, querem ser iguais a eles, acreditava-se na década de 20 e ainda acreditam, em meio a tantas inverdades, para não chamar de outra coisa, pois a ética não permite, surge a questão:  O que é o feminismo? E quem ele representa? Cansada do que se tem proferido durante anos sobre nós, decidi expor aqui algumas considerações. Não esperem do texto uma enxurrada de teorias, escritas por pessoas de caráter dúbio, que acreditam que somente teoria é necessário para resolver problemas, problemas esses que pulsam de tão reais. O texto é apenas o desabafo, que desde já não intenta agradar ninguém, e se esses “ninguéns” representarem os falsos moralistas que insistem em proliferar uma ordem, ordem de rebanho, tenho dito, aí sim ficarei feliz em saber que meu texto não os agradou.

Em primeiro lugar, não queremos ser homens, é irreal imaginar que hoje em plena pós-modernidade, exaltada por todos, onde acredita-se que estamos evoluindo, pessoas ditas evoluídas pensem que queremos nos igualar aos homens, quando vamos as ruas e gritamos de forma incansável e exaustiva: direitos iguais,  queremos que sejamos colocadas no lugar que nos foi tirado quando os homens ditos “bons” impuseram uma moral, que nada mais era que seus interesses pessoais, e foi essa moral que nos colocou no lugar de inferior, não pense que fomos nós mulheres que nos colocamos lá, ou alguém acha que em um dado momento mulheres se reuniram e decidiram que elas eram inferior? Um pouco difícil de acreditar. Simone Beauvoir escreveu em seu livro O Segundo Sexo: Fatos e Mitos que os homens colocaram a mulher como inferior e que para tanto justificaram suas atitudes em mitos como o de Pandora e a história de Eva.

Posto isso, pulamos para a parte que somos mal amadas. Em parte, essa afirmação sobre as feministas surgiu por muitos acreditarem que nós somos contra o casamento ou a mulher ter filhos. Não somos contra, não queremos que sejamos referenciadas somente como mãe ou esposa, a nossa condição biológica não pode determinar quem somos, se fôssemos contra a mulher ter filhos estaríamos infringido a sua liberdade e esse não é o âmago do movimento. Quanto ao fato da mulher ser esposa, essa era uma visão errônea de algumas feministas, a luta é contra a submissão, já é tempo de deixar de ser o ego do homem e sair da sua sombra, se o casamento lhe faz feliz, que assim o seja.


A necessidade de feministas defenderem suas convicções é fruto da má interpretação do movimento. Há anos tomam-se as ruas para lutar por direitos que irão influenciar a vida daquelas que, inclusive, não se intitulam feministas. Vivemos em uma cultura de atribuir culpabilidade para com a mulher, seus trajes determinam se irão ser estupradas ou não, é como se eu precisasse ter um guarda roupa somente com roupas que não fossem “insinuantes” para evitar que eu seja estuprada. Na Índia, mulheres são instruídas a andar armada como forma de se proteger dos estupros, uma máxima antiga diz “o que os olhos não veem o coração não sente”, porque boa parte dos estupros, das várias violências pela qual a mulher passa, seja ela física, emocional, institucional, são afastadas de nós, em parte por uma mídia tendenciosa e que se intitula “livre”, não nos preocupamos, não nos importamos. Se os jornais anunciam um tal de estatuto nascituro, que alega-se ser para proteger mulheres estupradas, não estamos interessadas; se a as igrejas pregam a submissão das mulheres alegando que a saída dessas para o mercado do trabalho causaram a desestruturação das famílias, quando foi a saída das mulheres para o mercado de trabalho durante o apogeu do capitalismo que foi crucial para as indústrias; aceitamos um Papa “pop”, dizer que não devemos usar anticoncepcionais, afinal o que se quer é que a mulher se afunde em fraldas e roupas para passar e fortaleça o rótulo de mulher dona de casa; isso tudo não importa, não ligamos se nossa mídia não nos mostra esse lado das lutas feministas, afinal  o que todos querem é que o dia acabe para irmos  rumo às nossas casas e, como dizia o cantor-filósofo Raul Seixas, “sentar em uma poltrona com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar", assistir ao senhor distinto nos desejar boa noite e ansiando que comece a novela para saber quem matou quem ou quem vai ficar com quem.

Nessa última parte não focarei exatamente nas feministas ou falarei diretamente sobre o feminismo, escreverei para as mulheres, não irei usar discurso cheio de floreios, o foco é a realidade. Não se deixem enganar, o que queremos não é influenciar ninguém com nossos ideais, apenas queremos conscientizar, olhem ao redor e vejam como a sociedade age conosco, percebam como a ordem somente favorece aos homens, qual de vocês nunca ouviu “tais coisas não combinam com as mulheres”, ou então “essas são atitudes que não condizem com mulheres”? Quem determinou tais leis? Como surgiram? Em minhas observações diárias ouço mulheres dizendo “ele te persegue porque te ama”, ou então “você apanhou porque o amor que ele sente por você é intenso”, em que mundo abominável o amor é sinônimo de violência? Amar é cuidar, é querer bem, e se esse bem não está ao seu lado, aí sim deve-se agir conduzido pelo amor e deixar esta pessoa livre.

Colocadas todas as questões que eram da minha intenção, espero que deixem de confundir sexismo com um movimento rico e de tanta importância para que a causa da mulher não seja inaudita. De resto, peço o que sempre peço e nunca cansarei de pedir, mesmo quando quiserem que me cale: lutem, não interpretem luta como ir às ruas e queimar sutiãs, a luta não é só armada, apesar de ela ser importante para as conquistas, lutem no seu cotidiano, na sua realidade, sempre conteste, duvide, coloque à prova, não aceite nada como verdade, nada é verdade se não vem de algo puro, se pergunte sempre, para quê e para quem essa verdade?.

Leia mais »

Big Exemplo

0 comentários
por Aline Santos

O Grande Irmão (ou Big Brother, do original em inglês) é um personagem do livro "1984", de George Orwell (1903-1950), escritor indiano que se criou na Inglaterra. Nesse livro Orwell profetiza sobre uma sociedade em que o Estado, representado pela figura do Grande Irmão, controla a sociedade. O Grande Irmão é uma figura abstrata, ninguém consegue vê-lo, mas ele pode ver todo mundo e dessa forma controlar suas ações. O título “1984” é uma inversão do ano em que ele foi escrito, 1948, não se sabe ao certo o que se passava pela cabeça do autor ao fazer essa inversão.

Mas e o Big Brother que conhecemos hoje? Pessoas confinadas em uma casa sendo observadas todo o tempo por câmeras. Como surgiu essa ideia? Qual a relação com a obra de Orwell? Em 1999, John de Mol, um executivo da TV holandesa, sócio da empresa Endemol, teve a ideia de criar um Reality Show onde pessoas comuns seriam selecionadas para conviverem juntas dentro de uma mesma casa, vigiadas por câmeras, 24 horas por dia. O nome do programa foi inspirado no livro de Orwell, 1984.

Feitas as apresentações, surgem questionamentos acerca desse reality show, amado por uns e odiado por outros, que invade sem permissão a tela de milhões de brasileiros. Concentro minha crítica não sobre a qualidade dúbia do programa em questão, pois convenhamos nunca chegaremos a uma conclusão satisfatória. O Big Brother, como qualquer outro programa popular e de divulgação em massa, acaba se tornando referência para muitas pessoas, em especial jovens, sendo esse exemplo passado que tanto incomoda. O programa tem uma mensagem: “Estamos de olho”, mas a mensagem subliminar do programa é mais perturbadora, é como se o reality incentivasse pessoas a passar horas em academias, turbinassem seus corpos com litros de silicone e pronto! Dessa forma você vai conseguir alcançar sua posição social na sociedade, ficarão ricos de um dia para o outro.

O economista Marcelo Paixão, em uma entrevista sobre o negro na sociedade, mas que serve de referência para o assunto em questão, disse que os jovens brasileiros estão carentes de exemplos. Como fazer com que jovens acreditem na educação como ferramenta de ascensão social, se ele pode se tornar um jogador de futebol rico e famoso ou então um brother milionário. O Brasil já é um país com um histórico não muito animador com relação à educação, nossos representantes não se mostram muito solícitos quando o assunto é educação, o motivo: a equação é fácil POVO + EDUCAÇÃO = VOTO CONSCIENTE. Sim, é fato, não é conversa de crítico que quer dá ênfase ao que escreve. Pesquisas revelam que o Brasil é um país onde as pessoas ainda não conseguem acreditar na educação como forma de conseguir estabilidade.

Todos os outros fatores negativos que os críticos insistem em salientar também incomodam. O Big Brother aliena as pessoas, o valor absurdo que se gasta a fim de montar um programa poderia ser investido em algo que trouxesse um pouco mais de cultura a sociedade, afinal nós precisamos. Mas para mudanças, é preciso que a juventude acorde, tais programas ameaçam a herança que deixaremos para nossa sociedade, quem será nosso Malatesta do futuro? Teremos outro Marighella?  Será que temos um novo problema assolando nossa sociedade, nosso legado de pensadores e líderes está ameaçado por subcelebridades desesperadas em ganhar fama e dinheiro? Escrevendo isso em um momento de nostalgia pensei: se nossos jovens se pintassem de novo...


Leia mais »

O espetáculo da vida em movimento em "On the Road"

0 comentários
por Aline Santos

Estrada: Caminho, em geral público, mais ou menos largo, que, situado fora do perímetro urbano, liga uma localidade a outra, e pelo qual transitam pessoas, animais ou veículos. Etimologicamente esse é o significado atribuído à estrada, mas segundo o universo construído por Walter Salles em seu filme On the Road, estrada é uma passaporte para a liberdade, onde nada é proibido e não se pode proibir.

On the Road é uma adaptação do livro de Jack Kerouac, intitulado Pé na Estrada e que foi publicado em 1957. O filme traz em seu elenco Sam Riley (Sal Paradise), Garret Hedlund (Dean Moriarty) e Kristen Stewart (Marylou). Sal Paradise (Sam Riley) é um jovem aspirante a escritor que logo após a morte de seu pai conhece Dean (Garret Hedlund), uma espécie de espírito libertário que proporciona a Sal diversas experiências e um mergulho profundo no universo deslumbrante e conturbado que é a vida. Salles traz também nesse filme um pouco do universo da contracultura, um movimento contra qualquer tipo de pensamento puritano e conservador que tomava conta dos Estados Unidos pós-guerra. A contracultura não era só um movimento, mas, um estado de espírito. 


Salles construiu uma obra de arte de pinceladas precisas e ousadas, On the Road é a prova do amadurecimento do diretor principalmente nas escolhas dos atores para os personagens. Sal é o reflexo da juventude de sua época em pleno estado de ebulição que ansiava por mudanças, e é esse espírito ávido por mudanças que fez com que ele e Dean se tornassem almas gêmeas. Mas, uma agonia deliciosamente perturbadora paira sobre o filme: o que exatamente esses jovens, aparentemente loucos, procuram?  Você pode pensar que eram apenas jovens rebeldes a procura de sexo, drogas e rock’n’roll. Acho que não, parece óbvio demais e não condiz com a complexa obra. Jovens que queriam viajar e conhecer o país? Soa como um reality de péssimo gosto. O filme é um mergulho na mente humana, Sal e Dean só querem um pouco de movimento, não sair do lugar, mas sair da inércia em que se encontram suas vidas, e eles encontram esse movimento vagando sem destino, se alimentando da vida das pessoas, para conhecer um pouco das suas.

A obra de Salles não necessita de recomendações de críticos e entendedores, ela se faz recomendável, seja por ser um relato riquíssimo da época de florescimento de uma juventude contestadora, seja pela ótima música ou mesmo pelos versos com que o filme nos presenteia. On the Road não é apenas um filme que convida todos a colocar a mochila nas costas e viajar sem rumo, ele nos leva além, para aquele lugar onde Sal desejava chegar: a lugar nenhum.

***** (5/5)
(On the Road, Estados Unidos, 2012)
Direção: Walter Salles
Elenco: Kristen Stewart, Garrett Hedlund, Sam Riley
Duração: 2h 17min

Leia mais »

Preciosa: Uma história de esperança

0 comentários
por Aline Santos

Você já teve, eu já tive, todos tivemos na infância um apelido, os psicólogos, pedagogos e afins preferem chamar hoje em dia isso de bullying. Mas o filme em questão não é mais um desses relatos, que se intitulam o mais original e verídico, que afirmam relatar com assiduidade o mundo cruel dos adolescentes que sofrem de tal abuso. Poucos conseguiram chegar lá, atingiram seu ápice. Preciosa é um dos poucos para citar, sem maquiagem ou floreios, não dá voltas, de deixar qualquer um tonto, ele é direto como um soco no estômago. Nele Clareece vive uma adolescente negra, constantemente abusada pela figura da mãe e do seu pai, de quem tem dois filhos, além de ser humilhada em sua escola. Ela enxerga na sua imaginação uma forma de se livrar dos constantes problemas. Expulsa da escola pela sua segunda gravidez, ela passa a frequentar uma escola diferente, lá com ajuda da professora Rains, encontra respostas e refúgio para sua vida.
          

Alguns atores são pouco conhecidos pelo público, mas desempenham bem seu papel, a mãe da personagem interpretada pela atriz Mo'Nique, nos faz sentir o oposto do que se deveria sentir por uma mãe: ódio. A principiante Gabourey Sidibe no papel de Preciosa consegue passar sua angústia, sua voz é quase ausente, apenas suas expressões transmitem o que ela sente. Algumas estrelas do showbiz como Mariah Carey e Lenny Kravitz integram o elenco, talvez uma jogada de marketing para atrair a atenção para um filme ausente de estrelas de Hollywood, o que se pode dizer é que funcionou, o filme brilhou e conquistou seu lugar.

No filme, Clareece é o retrato do que a ditadura da beleza fez em nossas mentes: “temos que estar lindas” “preciso emagrecer” “quero estar igual ao meu ídolo favorito”, vozes de adolescentes desesperadas que ecoam em toda parte marchando tal qual um exército a favor da ditadura, sustentada por uma mídia que criou e disseminou uma segregação, é como um rígido processo seletivo, se você é bom está dentro se não está fora, mas para ser bom sigamos todos o que nos mandam, façamos nosso dever de casa, sejamos belas, imitaremos os artistas, e passaremos fome, aí sim respiraremos aliviados e veremos que finalmente estamos dentro deste seleto grupo, o grupo dos bons, os aceitos, e não ouse nunca contestar o sistema, aliás, cuidado:  tal crítica é contra indicada para aqueles que se venderam, ou acredita veemente neste processo moderno de seleção natural. Os que não se preocupam, corram para assistir, mas não esperem por um final feliz.

***** (4,5/5)
(Precious, Estados Unidos, 2009)
Direção: Lee Daniels
Elenco: Gabourey Sidibe, Mo'Nique e Paula Pattom
Duração: 1h 5omin

Leia mais »

Review: Fernando Meirelles e sua visão de Ensaio Sobre a Cegueira

0 comentários
por Aline Santos

O filme Ensaio Sobre a Cegueira é uma adaptação do livro homônimo de José Saramago, que muito relutou em entregar os direitos do livro para ser filmado, e tem razão, pois uma obra tão primorosa poderia perder sua maestria ao ser levada para o cinema. Mas o diretor brasileiro consegue fazer esta adaptação sem deixar a desejar. O filme mostra uma epidemia de cegueira que acomete a população, sendo chamada de cegueira branca, pois era assim que os afetados pela doença a descreviam.


O filme tem em seu elenco Juliane Moore, Mark Ruffalo, Gael Garcia Bernal, mas nenhum deles tem nome, propositalmente é claro, a ideia e compreender cada personagem como ser humano, e não se prender a nomenclaturas. Muitos acham um filme uma lição de moral, uma questão para refletir, bobagens para aqueles que têm preguiça de raciocinar. O filme não é uma reflexão sobre o que podemos nos tornar, é o que já nos tornamos, fomos contaminados por esta cegueira, não conseguimos enxergar o que se passa a nossa frente, preferimos passar horas, maçantes horas, diga-se de passagem, em frente a um computador, do que partilhar de uma conversa com nossos amigos. Sucumbimos a um sistema capitalista envolvente e fatal, que também nos faz cegos. Tudo é sobre lucros, números e porcentagens, afinal o que somos a não ser números? 

“A terra não gira em torno do sol”. Quem disse isso estava enganado ou não esperava que a sociedade se tornasse o que se tornou. Ela gira em torno de mim, de você, tudo é sobre nós mesmos, não nos importamos com o próximo, aliás, fingimos que nos importamos, é uma hipocrisia necessária. Meirelles nesse filme cospe em nossos rostos e nos mostra quão baixos e egoístas podemos ser, se você tem coragem para se assumir assista, senão continue vivendo em uma sociedade utópica a qual só você acredita ser verdadeira.

***** (4,5/5)
(Blindness, Canadá/Japão/Brasil, 2008)
Direção: Fernando Meirelles
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo e Alice Braga
Duração: 2h 10min

Leia mais »

Review: Audácia, perversão e emoção em Shame

0 comentários
por Aline Santos

Brandon, interpretado pelo ator Michael Fassbender, vive um solitário na cidade de Nova York com uma carreira estabilizada, porém, procura no sexo, muitas vezes não convencional, a solução dos seus problemas, mas com a chegada de sua irmã Sissy, interpretada por Carey Mulligan, sua vida de sexo intenso e desregrado é abalada.


Em meio a essa atmosfera, o filme traz alguns questionamentos: Do que você se envergonharia? De um segredo do passado? De suas origens? Essa é a proposta do filme Shame, que lança para o público um atípico protagonista sem nenhuma vergonha de sua natureza egoísta ou de seus desejos que não se encaixam no padrão da sociedade. O filme não é para aqueles que vão para o cinema à procura de entretenimento, uma diversão no domingo à noite. Shame é um retrato da sociedade contaminada por uma doença invisível, mas que vaga silenciosamente na nossa sociedade desde a classe mais baixa até a mais alta: a hipocrisia.

A temática do filme interessa àqueles leitores que preferem filmes intrigantes é para aqueles que não se chocam com a mais pura verdade e que não segue os melindrosos padrões da nossa sociedade que nos nunca sabemos a quem beneficia, ou sabemos, mas preferimos nos silenciar, essa é a proposta de Shame, que peca um pouco pelo excesso de cenas de sexo e selvageria, mas que são necessárias para enfatizar os assuntos trazidos. O filme não é indicado para moralistas ou falsos moralistas, pois como dizia Nietzsche “A moral limita o homem”.

***** (4,5/5)
(Shame, Reino Unido, 2011)
Direção:  Steve McQueen
Elenco: Michael Fassbender, Carey Mulligan e James Badge Dale
Duração: 1h 39min

Leia mais »

Review: Risos regados a lágrimas em O Palhaço

0 comentários
por Aline Santos

No longa O Palhaço, Selton Mello interpreta Benjamim, um palhaço que trabalha no Circo Esperança juntamente com seu pai Valdemar, interpretado por Paulo José, que, junto com uma trupe, rodam o Brasil fazendo a alegria das pessoas por onde passam. Porém, a vida anda sem graça para Benjamim que pensa em abandonar o circo, apesar da desaprovação de seus amigos, mas eles entendem que o palhaço precisa achar seu caminho.

Selton Mello se lança pela segunda vez como diretor e ele acerta. O Palhaço é espetacular e nos faz acreditar que existe vida inteligente no cinema brasileiro. A figura do palhaço foi colocada de uma forma que leva os espectadores a entender a dualidade existente na vida de Benjamim e que tanto o incomoda. O personagem consegue contagiar o público e as pessoas que o cercam com felicidade e alegria, mas não consegue trazê-las para sua vida.


O filme procura mostrar, através de alguns objetos, o sentimento do personagem principal: o ventilador que parece perseguir Benjamim durante o filme apenas representa seu desejo de seguir seus anseios e desejos, muitas vezes reprimido pelo fato de o personagem estar constantemente consertando a vida de quem o cerca. Mello acerta no tom do personagem inocente e angustiado, e é como se carregasse literalmente o circo em suas costas.

Nada mais do que se fazer senão recomendar a película, mas esperando que as pessoas não entendam o filme como a história do palhaço triste, mesmo ele o sendo, mas que captem a essência do filme tão bem conduzido que nos leva a partilhar dessa angústia presente da vida do personagem, e que todos reflitam a frase simplória e agonizante do filme: “Eu faço todo mundo sorrir e quem vai me fazer sorrir”... Sendo assim, quem vai nos fazer sorrir?

*****(5/5)
(O Palhaço, Brasil, 2011)
Direção: Selton Mello
Elenco: Selton Mello, Paulo José e Teuda Bara
Duração: 1h 30min

Leia mais »