Review: Risos regados a lágrimas em O Palhaço
por Aline Santos
No longa O
Palhaço, Selton Mello interpreta Benjamim, um palhaço que trabalha no Circo
Esperança juntamente com seu pai Valdemar, interpretado por Paulo José, que,
junto com uma trupe, rodam o Brasil fazendo a alegria das pessoas por onde
passam. Porém, a vida anda sem graça para Benjamim que pensa em abandonar o
circo, apesar da desaprovação de seus amigos, mas eles entendem que o palhaço
precisa achar seu caminho.
Selton Mello se lança pela segunda vez como
diretor e ele acerta. O Palhaço é
espetacular e nos faz acreditar que existe vida inteligente no cinema
brasileiro. A figura do palhaço foi colocada de uma forma que leva os
espectadores a entender a dualidade existente na vida de Benjamim e que tanto o
incomoda. O personagem consegue contagiar o público e as pessoas que o cercam
com felicidade e alegria, mas não consegue trazê-las para sua vida.
O filme procura mostrar, através de alguns objetos,
o sentimento do personagem principal: o ventilador que parece perseguir
Benjamim durante o filme apenas representa seu desejo de seguir seus anseios e desejos,
muitas vezes reprimido pelo fato de o personagem estar constantemente consertando
a vida de quem o cerca. Mello acerta no tom do personagem inocente e
angustiado, e é como se carregasse literalmente o circo em suas costas.
Nada mais do que se fazer senão recomendar a
película, mas esperando que as pessoas não entendam o filme como a história do
palhaço triste, mesmo ele o sendo, mas que captem a essência do filme tão bem
conduzido que nos leva a partilhar dessa angústia presente da vida do
personagem, e que todos reflitam a frase simplória e agonizante do filme: “Eu faço todo mundo sorrir e quem vai me
fazer sorrir”... Sendo assim, quem vai nos fazer sorrir?
*****(5/5)
(O Palhaço, Brasil, 2011)
Direção: Selton Mello
Elenco: Selton Mello, Paulo José e Teuda Bara
Duração: 1h 30min