Review: Diretor brasileiro tenta reviver o bom suspense em "12 Horas"

por Léo Balducci

A ligação entre filmes de suspense ao estilo hollywoodiano de fazer filmes sempre foi considerado louvável pelo fato de conseguirem criar produções embasadas num tema mais centrado sem perder toda a ação de cada cena de “roer as unhas”, porém com o passar dos anos essa característica foi ficando cada vez mais distante da realidade. Na estreia do diretor brasileiro Heitor Dhalia (“Nina”, “À Deriva”) na indústria norte-americana de cinemas, “12 Horas” surge como uma possível trama capaz de reviver todos os elementos do gênero – assim como vários outros já prometeram -, desmistificando a frase “Não se fazem mais filme de terror/suspense como antigamente”, entretanto o resultado pode não ter correspondido a todas as expectativas – na verdade, foram poucas as que o clichê não se mostrava evidente.

Vindo desse propósito, o filme narra os passos de Jill (Amanda Seyfried), uma garota que vê sua vida diminuída com o trauma de ter sido vítima de um desconhecido maníaco, que encarcerava pessoas num escuro buraco para depois matá-las. No entanto, quando sua irmã (Emily Wickersham) é supostamente sequestrada, não restam dúvidas de que o seu agressor retornou e prepara uma armadilha para capturá-la novamente. Sendo assim, Jill vai lutar contra o tempo para conseguir resgatar sua irmã sem ajuda nenhuma da polícia, que acredita fielmente que ela está inventando tudo – devido não haver provas de que esse maníaco realmente exista.



O trabalho desempenhado por Dhalia pode ser extremamente minucioso em algumas partes, como os métodos de defesa que a protagonista começou a praticar após o incidente, mas acabam se perdendo bastante no decorrer dos acontecimentos meramente explicados. Entretanto, a base de suspense consegue se sustentar muito bem diante da busca incessante de Jill por sua irmã, atribuindo cenas (mesmo que clichês) que nos deixam aficionados à trama. A fotografia pode não ser das melhores, mas não hesita em ressaltar os cenários mais obscuros de becos, ruas e até da lanchonete (totalmente incrementada com os típicos abusos norte-americanos). Embora tenhamos uma razoável personificação das personagens, a imensurável forma como o diretor trabalhou os suspeitos (inseridos apenas quando necessários) ganham o maior destaque que o longa poderia recorrer.

De qualquer forma, “12 Horas” é tratado como um filme que soube lidar com as emoções do espectador durante a maior parte de seu enredo, porém – do mesmo modo – conseguiu decepcionar bastante num final meio superficial e alternativo – e que tirou todo o suspense do ar. Se os brasileiros são bem vistos ou não em Hollywood, não importa, mas sim que estamos ganhando espaço de grandes estúdios para viver as oportunidades de roteiros às vezes bons (ou maus) elaborados.

** (2,5/5)

Gone, EUA, 2012
Direção: Heitor Dhalia
Elenco: Amanda Seyfried, Daniel Sunjata, Jennifer Carpenter 
Duração: 1h 34min


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