Mostrando postagens com marcador Amanda Seyfried. Mostrar todas as postagens

Review: Dois olhares sobre "O Preço do Amanhã"

0 comentários
Tempo é o real dinheiro em “O Preço do Amanhã”
por Léo Balducci

Não é à toa que Hollywood tem abusado cada vez mais de premissas de ficção científica, afinal a contemporaneidade é tão cheia de podres e tragédias que qualquer produção que leve consigo o conceito da realidade tende a ser evitado – e talvez deva ser. Pensando nisso, o diretor Andrew Niccol não pensou duas vezes antes de criar seu próprio mundo em O Preço do Amanhã, onde o tempo serve como controlador de vidas (não muito diferente de agora).

Ditado por um relógio que todas as pessoas ganham ao fazer 25 anos - permitindo que não envelheçam -, a trama induz o espectador à relação de uma sociedade ambiciosa, egoísta e sem precedentes para roubar do próximo o tempo que não tem. Enquanto os ricos permanecem com seu histórico de herança, os pobres tem que aprender a lidar com os conflitos de uma vida limitada e passada pelo trabalho sem remuneração garantida e digna. Na verdade, a premissa torna-se bastante interessante ao percebermos como se encaixa precisamente no contexto da atualidade, tendo o tempo como o dinheiro que consome a população e a correria de uma grande metrópole por oportunidades de ser alguém maior, abordada no filme por quem tem coragem de desafiar o sistema ou se aproveitar dos “desmerecidos”.

Justin Timberlake vive Will Salas, um jovem “rebelde” que começa a ser perseguido por um guardião do tempo ao ser supostamente acusado de roubar – e assim matar – todo o tempo de um milionário épico. Infiltrando-se no último distrito, ele consegue até distrair a autoridade nacional, porém sequestra Sylvia Weis (Amanda Seyfried), a filha do homem mais rico do país, a fim de ter uma garantia de vida (acreditem, armas matam bem menos do que o tempo). Embora puder seguir uma reflexão mais aberta sobre o mundo em que vivemos, o longa-metragem acaba se perdendo diante de um roteiro forçado e sem nexos, onde nem atitudes e falas provocam uma expectativa mais centrada. Em contrapartida, temos uma ótima escalação de roteiro, que apesar de não conseguirem salvar a produção, fazem boa parte dos acontecimentos serem levados a sério, de um modo singelo ou irracional. A fotografia impressiona e a direção de arte são grandes aliados para a criação de cenários de uma arquitetura deslumbrante e detalhes trabalhadas minuciosamente. Trazendo ou não a melhor perspectiva de um futuro próximo, O Preço do Amanhã traça uma linha completar do que esperar - ou do que simplesmente já está acontecendo!

Distopia e Futurismo em "O Preço do Amanhã"
Você já imaginou em um futuro não tão distante o envelhecimento ser controlado para evitar a superpopulação? Ou ainda, a imortalidade ao alcance humano? É nessa perspectiva que o filme O Preço do Amanhã traz em sua sinopse esse tema, no qual a idade é limitada a vinte e cinco anos de vida. Nesse sentido, o tempo substitui o dinheiro tornando-se a principal moeda de troca para sobreviver, obter luxos e também passa a ser o alvo dos ladrões do tempo que querem viver para sempre. Assim sendo, a humanidade precisa comprar sua existência dia após dia, uma verdadeira luta de sobrevivência, na qual sobrevive o mais forte, o mais inteligente e sem dúvidas os com melhores condições financeiras, nesse caso com maior estoque de tempo. Então, não desperdice seu tempo.

O filme conta com Will Salas (Justin Timberlake) e Sylvia (Amanda Seyfried) no cast principal, ele recebe uma misteriosa doação, a partir daí passa a ser perseguido pelos guardiões do tempo por um crime que não cometeu. Enquanto, Sylvia é a mocinha clichê, rica e inconsequente, que está cansada da vida monótona que leva ao lado da família. O longa apresenta em seu enredo um tema interessante, porém, muitas vezes com cenas e diálogos forçados, tornando o filme um pouco cansativo em determinados momentos. 


O Preço do Amanhã é um filme distópico, uma vez que nos deparamos com atitudes que é contra o coletivo e o enfrentamento do sistema por Will. Por outro lado, utópico, já que Will pensava no coletivo e queria compartilhar o tempo com todos. Ainda podemos classificá-lo como uma película futurista, com a possibilidade de ser imortal mesmo sabendo que as evidências são contra, mas mesmo assim, há sempre alguém que pensa ser exceção. Finalizo com um questionamento abordado no filme: Se você tivesse muito tempo gastaria dando a outra pessoa? Como podem viver vendo as pessoas morrendo ao seu lado?





In Time
Diretor: Andrew Niccol
País de Origem: EUA
Elenco: Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Cillian Murphy
Distribuidora: 20th Century Fox
Ano de Lançamento: 2011
Duração: 1h 49min

Leia mais »

Review: Diretor brasileiro tenta reviver o bom suspense em "12 Horas"

0 comentários
por Léo Balducci

A ligação entre filmes de suspense ao estilo hollywoodiano de fazer filmes sempre foi considerado louvável pelo fato de conseguirem criar produções embasadas num tema mais centrado sem perder toda a ação de cada cena de “roer as unhas”, porém com o passar dos anos essa característica foi ficando cada vez mais distante da realidade. Na estreia do diretor brasileiro Heitor Dhalia (“Nina”, “À Deriva”) na indústria norte-americana de cinemas, “12 Horas” surge como uma possível trama capaz de reviver todos os elementos do gênero – assim como vários outros já prometeram -, desmistificando a frase “Não se fazem mais filme de terror/suspense como antigamente”, entretanto o resultado pode não ter correspondido a todas as expectativas – na verdade, foram poucas as que o clichê não se mostrava evidente.

Vindo desse propósito, o filme narra os passos de Jill (Amanda Seyfried), uma garota que vê sua vida diminuída com o trauma de ter sido vítima de um desconhecido maníaco, que encarcerava pessoas num escuro buraco para depois matá-las. No entanto, quando sua irmã (Emily Wickersham) é supostamente sequestrada, não restam dúvidas de que o seu agressor retornou e prepara uma armadilha para capturá-la novamente. Sendo assim, Jill vai lutar contra o tempo para conseguir resgatar sua irmã sem ajuda nenhuma da polícia, que acredita fielmente que ela está inventando tudo – devido não haver provas de que esse maníaco realmente exista.



O trabalho desempenhado por Dhalia pode ser extremamente minucioso em algumas partes, como os métodos de defesa que a protagonista começou a praticar após o incidente, mas acabam se perdendo bastante no decorrer dos acontecimentos meramente explicados. Entretanto, a base de suspense consegue se sustentar muito bem diante da busca incessante de Jill por sua irmã, atribuindo cenas (mesmo que clichês) que nos deixam aficionados à trama. A fotografia pode não ser das melhores, mas não hesita em ressaltar os cenários mais obscuros de becos, ruas e até da lanchonete (totalmente incrementada com os típicos abusos norte-americanos). Embora tenhamos uma razoável personificação das personagens, a imensurável forma como o diretor trabalhou os suspeitos (inseridos apenas quando necessários) ganham o maior destaque que o longa poderia recorrer.

De qualquer forma, “12 Horas” é tratado como um filme que soube lidar com as emoções do espectador durante a maior parte de seu enredo, porém – do mesmo modo – conseguiu decepcionar bastante num final meio superficial e alternativo – e que tirou todo o suspense do ar. Se os brasileiros são bem vistos ou não em Hollywood, não importa, mas sim que estamos ganhando espaço de grandes estúdios para viver as oportunidades de roteiros às vezes bons (ou maus) elaborados.

** (2,5/5)

Gone, EUA, 2012
Direção: Heitor Dhalia
Elenco: Amanda Seyfried, Daniel Sunjata, Jennifer Carpenter 
Duração: 1h 34min


Leia mais »