Review: Miley Cyrus é quem ela sempre quis ser em "Bangerz"


Que Miley Cyrus é o nome do momento, ninguém pode negar, mas qual a grande pretensão dela em causar tanta polêmica? Seja dançando twerk, dando aquele encoxada básica no Robin Thicke ou fazendo cosplay da Mamusca, o que Miley quer é se colocar novamente nos holofotes. Nada mais justo, não é mesmo?! Vivendo antes na sombra do Mickey Mouse e no personagem que absorveu sua fama (estamos falando é claro de Hannah Montana), a cantora finalmente conseguiu dar uma reviravolta em sua carreira e apresentar uma pessoa mais madura, decidida e sexy (mesmo que um pouco vulgar!). Trocando de gravadora (agora nas mãos da RCA Records), ela apostou todas as suas fichas no single We Can’t Stop - que traz um ritmo pop numa batida que nos lembra bastante as composições em R&B -, assumindo um grande risco afinal ela agora estava no comando de seu próprio projeto e iniciar a divulgação com uma música apoiada apenas em batidas e numa letra repetida de festa nem sempre é a melhor escolha a se fazer.

No entanto, não tinha como dar mais certo! A faixa estourou nas rádios e pegou pico de #2 na Billboard (não superando apenas o smash-hit Blurred Lines) e de cara levou a cantora para outro patamar na indústria da música – ainda mais com o clipe bem polêmico envolvendo muitas bundas, línguas e reboladas. Depois veio a grande apresentação no VMA, esse onde Miley se superou! Causando a maior repercussão nas redes sociais, a performance continua a ser comentada até hoje por críticos conservadores. Sabendo que só deve seguir em frente, ela resolveu dar ouvidos a Katy Perry – que teve a oportunidade de escutar antes - e lançou Wrecking Ball como segundo single do material. Assim, ela chegou ao topo! Assumindo inúmeros recordes e conquistando seu tão desejado #1 no HOT 100. Por isso pessoas, podemos dizer: esse é MOMENTO da Miley Cyrus! Bangerz já alcançou a posição mais alta da lista de álbuns em seu lançamento e mostra o lado de curtição dela, mas também o romântico (não é porque virou uma “crazy bitch” que deixou de amar, né gente!). Fiquem de olho nessa garota!

Se você sabe o que amar, com certeza vai se apaixonar por Adore You (ou pelo menos ter uma quedinha)! A faixa não é daquelas que te prende desde o começo – a maioria não é -, porém o sentido que Miley expõe nela é tão sincera, que consegue nos agradar. Começar um álbum com uma baladinha é uma ousadia que só, já que todos querem dar o pontapé inicial arrasando nas batidas – e aqui, ela arrasa, mas na letra e no sentimento. Ponto para Miley! Depois, seguimos com nossa querida We Can’t Stop, que agrega e muito ao repertório. O hit não é melhor de todo o disco, mas cumpre bem seu papel em destacar essa nova fase da cantora – além, é claro, de nos fazer cantar com as frases do Mike Will Make It, que super combinam com a voz de Mileyzoca. Não é nada para as baladas, mas não é que anima uma festa?! E quem não quer uma parceria com Britney Spears? Todo mundo, mas talvez Miley não tenha aproveitado muito essa chance ao incluí-la em SMS (Bangerz), que não é nada ruim (como muitos vem falando), mas deixa a desejar quanto se tem uma Princesa do Pop como dueto. Neyde não foi muito aproveitada pela música e, na verdade, com ela ou sem ela o sentido continua o mesmo – sem mencionar que é a faixa mais curta do álbum! É isso que dá esperar por um Me Against The Music!


Partindo para outra, temos 4x4! Estavam todos muitos altos quando fizeram essa música (se é que dá pra entender), afinal ela usa um ritmo rápido e repetido que convence qualquer um. A participação do Nelly dá aquele toque especial para dar várias voltas e gostamos fazer tudo isso nessa melodia meio latina/espanhola. Não sei vocês, mas me sinto como se Future fosse aquele cara que todo mundo faz parceria, mas você não sabe por quê! A voz dela não combina com nenhuma outra voz e apesar de My Darlin’ ter uma letra boa e ótimas batidas (arrisco a dizer no mesmo nível de We Can’t Stop), quando ele chega você fica meio perdido e aí não sabe se gosta ou não da canção. Exemplo perfeito é Loooooooove Song (vai saber lá quanto ‘o’s tem) da Rihanna, que ainda é uma incógnita para muitos. Saltando para a melhor faixa do álbum, sem a menor dúvida, Miley nos deixa embarcar nessa explosão de sentimentos que é Wrecking Ball! Dá para perceber como ela é importante para nossa twerqueira só no modo como ela canta, expondo vários tons vocais que mostram ao mesmo tempo agressividade, arrependimento e amor. Dr. Luke acertou em cheia nessa produção, ainda mais com essa melodia I-NC-R-Í-V-E-L!

Provando que aprendeu alguma coisa entrando com tantos rappers em estúdio, Miley lança um pouco de hip-hop e se aventura pelo rap e os versos rápidos em Love Money Party. Repetindo o título da música no refrão – o que já era esperado -, o som até tem um ritmo contagiante que te faz querer decifrar essas frases e cantar junto (o que quase nunca dá certo e sai mais mastigado que japonês). Big Sean, infelizmente, aqui não acrescenta praticamente nada e solta mais um pop do que um rap. E finalmente temos Pharrell! Não é à toa que ele é um dos maiores hitmakers de hoje, o ritmo que ele dá em suas composições são inigualáveis e podemos perceber que as melhores letras estão nas faixas que contém sua produção. #Getitright (Desnececyrus essa hashtag) é uma delas e tem essa melodia tão deliciosa que te contagia no primeiro instante em que ouve. Miley e Pharrell sempre safadinhos nas músicas de sexo!  Mais uma produção de Mike Will Make It em Drive. Podemos dizer que essa tem um dos versos mais bem sacados do repertório, juntando associações com o simbolismo por trás de ‘dirigir um coração’. É legal e até bonitinha e tem um dubstep ali que dá gosto de se ouvir!

Quando ela disse que FU era uma de suas preferidas do álbum, não nos entusiasmamos muitos, sendo que já existem infinitas músicas com um foda-se no título. Mas não é que é bom mesmo! Ela é bem expressiva e além de dar seu recado com o palavrão, tem um pré-refrão típico de break eletrônico, que depois cai naquele sarcasmo imenso que a faixa carrega. French Montana é o único Montana que Miley continua usando e ele deixa tudo bem mais engraçado. Indo para a zona de conforto, Do My Thang é aquela que gruda na cabeça mais que chiclete embalado no cabelo. Rola até um ritmo mais hip-hop (que não cola muito), mas é bem pop e animada para soltar a vadia (ou ‘vadio’) que existe em você (adoramos quando ela diz “bitch”). Exibindo novamente sua voz imponente, ela chega com atitude e coloca seus sentimentos à mostra em Maybe You're Right. A melodia é linda e a delicadeza com o que ela trata esse tema pessoal é a melhor parte! Terminado a versão standard, a viciante Someone Else aparece como uma das nossas maiores apostas para um futuro single. É simultaneamente forte e indiferente, dando esses duplos sentidos ótimos que definem não só a personalidade de Miley, mas também a vida como si só! O final perfeito (depois do pós-refrão avassalador só com a melodia crescente) está nos adjetivos que ela dá para o amor.


Engana-se quem acha que as faixas presentes na versão Deluxe são totalmente dispensáveis, muito pelo contrário, temos aqui algumas que poderiam muito bem pegar o lugar das que estão acima. Rooting For My Baby é outra composição do Pharrell e soa tão suave e singela. Com tantos “uuuuh uuuuh” é fácil se ver só nos amores com ela, onde podemos escutar melhor a belíssima voz rouca de Miley. Continuando nas mãos de Pharrell, On My Own traz uma melodia tão oitentista de dar inveja até em que viveu naquela época. É tudo sobre se encontrarno meio desse mundo, abusando de sua liberdade – o que cai muito bem na atual fase da cantora. Por fim, nada melhor do que colocar suas mãos para o alto para comemorar essa conquista de Cyrus! Hands In The Air é uma parceria com Ludacris e cai muito bem para fechar o álbum ainda na pose e só reflete como ela está pronta para bater de frente com os grandes artistas da música!

Concluindo, Bangerz é exatamente o Miley Cyrus sempre quis provar: que cresceu e já sabe quem realmente é. Um álbum nada pretensioso que só quer nos fazer curtir o máximo possível, sabendo que tudo tem consequências e decepções são precisas para uma vida bem vivida – diga-se de passagem. Vale a pena se deixar envolver pelas letras do CD e presenciar essa Miley que é louca, sensata e uma “bitch” das grandes – e não é isso que a gente tanto ama nela? E como dissemos acima, esse é seu momento e ela faz o que quiser!


Artista: Miley Cyrus
Álbum: Bangerz
Lançamento: 8 de Outubro de 2013
Selo: RCA / Sony
Produção: Miley Cyrus, Mike Will & Pharrell Williams
Duração: 1h 2min
Gênero: POP

Comentários
0 Comentários

0 comentários: