SAGAS: Harry Potter e a Pedra Filosofal

por Léo Balducci

O texto a seguir faz referência à obra cinematográfica.

Há um bom tempo, o cinema e a literatura andavam a passos largos para conquistar seu público, sempre elegendo tramas de qualidade para que pudessem ser apreciados nas telonas e nas páginas dos livros, mas ambos seguiam caminhos diferentes e individuais até que surgiu a grande possibilidade de transformar um dos recordistas de vendas das livrarias em um projeto cinematográfico. A ideia, meio insana a princípio, partiu do produtor David Heyman. E realmente parecia algo pouco provável, já que a população em massa talvez não tivesse um interesse tão grande em se prender 2 horas num sala para assistir algo que já estava escrito, porém deu certo (e como deu). A escocês-inglesa J.K. Rowling foi a responsável por dar vida a um dos enredos mais populares e influentes do mundo atual, afinal quem nunca ouviu falar do garoto órfão da Rua dos Alfeneiros que estudou na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts? “Harry Potter” virou sinônimo de referência quando o assunto é saga e deixou uma marca épica na história do cinema, mudando conceitos e oferecendo uma diversidade de novas explorações de trama e efeitos especiais.

Em “Harry Potter e a Pedra Filosofal” somos introduzidos ao, ainda criança, Harry Potter, um garoto que vive com seus petulantes tios e seu primo Duda, onde acaba descobrindo ser um bruxo. No entanto, os tais parentes responsáveis se negam a deixá-lo cultivar sua magia e tentam evitar discutir o assunto, impedindo-o de receber a carta de aceitação para ingressar como aluno na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Contatado por um homem bem alto (e gordinho) chamado Hagrid (Robbie Coltrane), o garoto, por sua vez, não vê outra alternativa a não ser se aventurar por esse novo mundo. A ocasião mais sombria surge quando é revelado que sua popularidade perante os bruxos existe devido ser o “garoto que sobreviveu” ao feitiço da morte proclamado pelo bruxo mais temido de todos os tempos, “aquele-que-não-deve-ser-nomeado” Voldemort. Daí por diante, Harry inicia a procura de sua própria identidade enquanto conhece as particularidades do mundo bruxo e faz amizades (esta aí, portanto, a Hermione Granger e o Rony Wesley), intrigando-se cada vez mais com os mistérios que envolvem um objeto mágico poderoso chamado pedra filosofal e “você sabe quem”.


Para se certificar de que sua obra não estava sendo desmistificada, Rowling esteve sempre por perto – acompanhando desde a escrita do roteiro até a finalização das edições. O americano Chris Columbus, na época conhecido pelos filmes “Uma Babá Quase Perfeita” e “Esqueceram de Mim”, assina a direção, o que consequentemente foi um fato meio estranho e duvidoso vindo do mundo do cinema. O sucesso de “Harry Potter” foi visível, principalmente pelo investimento de 120 milhões de dólares por parte da Time Warner e um marketing jamais antes visto para a divulgação de um filme. A consagração veio em pouquíssimo tempo e a ascensão da saga já previa uma remodulação no jeito de se fazer longas-metragens. Entretanto, alguns pontos devem ser analisados, além do que esse não foi o projeto pioneiro do gênero e muito menos o melhor.



A direção de Columbus foi um tanto quanto inusitada e gerou discussões, mas ao final tudo saiu como o planejado, embora esse não fosse à busca real da saga. O filme é sim uma produção feita para o público infanto-juvenil, onde temos várias delegações de conteúdo bastante exploradas e estimada consideração de elementos propícios para o gosto das crianças (mas vale ressaltar que os seguintes filmes foram crescendo conforme o desenvolvimento da trama). Outro ponto forte da obra literária é a personificação das personagens, que não teve tanto apreço para às telonas. Temos que levar em consideração que os sentimentos e entrosamentos de todas as pessoas citadas no enredo necessitavam dialogar entre si e empregar uma inter-relação no universo sendo criado – bom ou não, isso não afetou tanto assim toda a estória quanto parecia.

Em contraponto, temos os incríveis efeitos visuais utilizados, que foram precisamente elogiados por toda a indústria. Não houve nenhum abuso de cenários produzidos por computador, na verdade, a grande magia do 1º filme da franquia cinematográfica está no fato da direção de arte e figurinos terem trabalhado precisamente para transportar cada ambiente do livro com fidelidade e uma imensa astúcia em se dedicarem para a interpretação dos objetivos detalhados. É lógico que a trama segue um enredo bem proposital e que consegue prender o espectador, mas também apresenta algumas divergências de tempo e fundamento – que são distraídos por cenas emocionantes como a partida de Quadribol e o trasgo nas masmorras. A atuação de Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson ainda não são vistas como notáveis, porém também não passam despercebidas pelo olhar atendo do público mais especializado, já que atores como Richard Harris, Alan Rickman e Maggie Smith exemplificaram o motivo de como trabalhar em cena. Por falar em cenas, somos constantemente surpreendidos com as mais belas complementações, como as constatações das conversas com Hagrid e o final revelador - com testes para as habilidades de cada um deles.

Com tudo isso, não há como negar que “Harry Potter e a Pedra Filosofal” é um destaque imensurável nas páginas e nas telas, onde nos introduz para o mundo mágico que consegue teletranspor todas as nossas expectativas como meros “trouxas”.

*** (3,5/5)

Harry Potter and the Philosopher's Stone, Reino Unido/EUA, 2001
Direção: Chris Columbus
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson
Duração: 2h 32min

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