Review: As animações indicadas ao Oscar 2013

por Amanda Prates e Léo Balducci
(Filmow) | (Twitter

Em 2002, foi criada a categoria Melhor Animação para a maior premiação do cinema, depois de quase 74 edições. Apesar de tão recente, os filminhos animados não deixam de ser tão importantes quanto as outras produções, pelo contrário, hoje eles se encaixam dentre as categorias principais e mais esperadas da noite de cerimônia.  Por isso, a gente te apresenta as cinco animações indicadas neste ano pela Academia e revela nosso favorito. Confira:

Detona Ralph 
por Amanda Prates

Se você não é da era dos jogos para fliperama como Pac Man e Sonic, certamente tratará Detona Ralph como mais um filminho bonitinho da Disney com cara de Pixar. A trama segue o vilão de um antigo jogo – Conserta Félix – que, depois de trinta anos, se cansa de ser o personagem mais antagônico da história e decide entrar em outros jogos para adquirir uma medalha e, assim, tornar-se o “mocinho”, uma tarefa que não é tão simples assim, obviamente. Ralph antes participa de sessões para vilões anônimos, a cena mais bem arquitetada ao oferecer personagens de jogos reais como Zangief, Bowser e Dr. Robotnik – que têm a missão de persuadir o grandão com a ideia de que ser mau é bom –, se infiltra num jogo que faz referência a Halo, conhece Vanellope, um buguezinho de um jogo rosa de corrida (ou salmão, como o rei Doce insiste em afirmar), onde se envolve em mais confusões.

Apesar de haver inúmeras referências a games muito antigos que, dificilmente, um membro dessa nova geração reconheceria, o filminho de Rich Moore ainda consegue se comunicar com os dois públicos principais. Para os adultos, estão os personagens do Pac Man, do Sonic e os pequenos clássicos para fliperama como forma de homenagem. E para os adolescentes/crianças, referências aos jogos de terceiro mundo que, na visão deles, perto dos antigos, são verdadeiras obras. Com roteiro bem amarrado, Detona Ralph ainda apresenta falhas, e uma delas é que este é somente mais um filme unidimensional, que não permite muitas interpretações. Ele agrada aos gamers, ao vir recheado de nostalgia, e conta uma pequena historinha sobre aceitação, nada além disso. A semelhança com cinessérie Toy Story (quando os personagens ganham vida após o último game over) dá pouca credibilidade à produção, reforçada pela falta de originalidade, o que é deprimente. Porém, não deixa de ser um dos filmes que melhor tratou dessa temática nerd.

*** (3,5/5)
(Wreck-it Ralph, EUA, 2012)
Direção: Rich Moore
Elenco: John C. Reilly, Jack McBrayer, Jane Lynch, Sarah Silverman, Mindy Kaling
Duração: 1h 42min


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Valente
por Léo Balducci

Após sucessos como Toy Story, Procurando Nemo, Carros e Monstros SA, a Pixar nos traz mais um título de seus estúdios tentando remodular mais uma grande animação para o cinema com direção de Mark Andrews e Brenda Chapman. Na verdade, Valente surge como uma forma de buscarem redimir as bilheterias de seus antecessores, como Up: Altas Aventuras, que não atingiram nem sequer as expectativas da Disney. No entanto, alguns destaques positivos e negativos devem ser levando em conta conforme o próprio filme se desenvolve.

Em Valente somos levados novamente à era de reis e rainhas, onde a destemida Merida espera viver suas grandes aventuras.  No entanto, a jovem de cabelos ruivos encaracolados vê seu futuro traçado pela mãe após pretendentes entrarem numa competição do reino para decidir quem vai ser seu companheiro de matrimônio, o que a leva a uma repentina fuga de seu imenso castelo. O que ela mal podia imaginar é que encontraria com uma bruxa capaz de modificar seu futuro, porém com consequências não tão claras. E mesmo dizendo que a Pixar está sofrendo uma crise dita como criativa, a animação nos traz a primeira personagem feminina como protagonista e consegue nos cativar com os acontecimentos e falas cômicas – sentidas, principalmente, pela bruxa e os trigêmeos ruivos. Além disso, vale ressaltar que o capricho sempre imposto pelo estúdio continua dotado ainda mais pela profundidade das imagens e os figurinos muito bem estudados e condizentes com a época.

De uma maneira ou de outra, Valente merece seu reconhecimento por conseguir a união perfeita que uma animação precisa ter igualmente impresso num roteiro que sabe dialogar tanto com a criança quanto com o adulto.

**** (4/5)
(Brave, EUA, 2012)
Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman
Elenco: Kelly Macdonald, Billy Connolly, Emma Thompson
Duração: 1h 40min


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Piratas Pirados!
por Amanda Prates

Se em sua primeira tentativa de lançar um longa-metragem, a Aardman conseguiu produzir algo tão genial como A Fuga das Galinhas, a expectativa que se tem é que o estúdio de animação britânico mantenha a mesma boa forma a cada filme de massinha que lance, porém a mais recente produção, Piratas Pirados!, está longe de ser algo admirável como a aposta de estreia. Filmado em stop-motion, a animação mostra um grupo de piratas que é motivo de piada entre os sete mares. Os saques são sempre fracassados, o navio está arruinado e eles possuem um papagaio que não é um papagaio (é.)! A maior ambição do Capitão Pirata é o prêmio “Pirata do Ano”, o que o leva às ruas da Londres vitoriana.
   
É nesse ambiente de fracassados que o filme exibe sua mensagem de importância à lealdade e amizade, pontos obsoletos e explorados nos mais variados gêneros, mas nunca dispensáveis em produções voltadas para o público infantil.  Mas, entre os saques a navios em alto mar, somos apresentados ao vilão na figura de Charles Darwin, à escritora Jane Austen e à Rainha Vitória, a também personagem antagônica da história. O roteirista iniciante Gideon Defoe até tenta atribuir um lado humorístico na trama, mas não passa de piadas insossas. Falhas à parte, o departamento de produção também cria sacadas geniais, principalmente nas características físicas dos personagens, as vestimentas e detalhes que uma produção qualquer preferiria deixar de lado. Mas, isso não pode ser quase tudo o que uma produção tem a oferecer.

*** (3/5)
(The Pirates! Band of Misfits, EUA/Reino Unido, 2012)
Direção: Peter Lord, Jeff Newitt
Elenco: Hugh Grant, Martin Freeman, David Tennant, Salma Hayek, Jeremy Piven, Imelda Staunton
Duração: 1h 28min


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ParaNorman
por Léo Balducci

A trama que fale sobre zumbis ou almas que ainda não receberam a aprovação divina e vagam pelas ruas podem até parecerem clichês, entretanto Paranorman tenta remodular a origem de fazer o gênero sem a necessidade de se prender a nenhum desses elementos. Usando a arte do stop-motion, temos aqui uma animação que se reúne com situações e falas cômicas e personalidade exacerbada das personagens.

Para começar, somos introduzidos ao simpático Norman, um garoto que tem o tão (não) incrível dom de ver mortos, que vive em constante conflito com seus colegas da escola, que por algum motivo aparente acham que ele é meio louco (por que será, não é?). Nem mesmo sua família consegue acreditar que ele pode se comunicar com aqueles que não estão mais em nosso plano, mas a herança vem de seu tio (visto como louco por toda a cidade). Por outro lado, tudo parece mudar quando seu parente com o dote sobrenatural também morre e deixa sobre sua responsabilidade a missão de impedir que uma bruxa malvada retorne à vida e se vingue daqueles que um dia a acusaram. Não deu nem tempo e zumbis começam a invadir a cidade e antecipando a maldição. E diante disso tudo temos a estabilidade de uma crítica social bem complementar, que condiz com os valentões do pedaço e os pensamentos diferentes de cada geração. Em contraponto, a maior evidência de toda a essência sobrenatural vem dos pontos mais altos da história em que a morte era vista como única forma de impedir o mal de aflorar, assim como exerce a influência da presença de acontecimentos extremos.

Paranorman explora as sensações de nós mesmos enquanto nos mostra uma dimensão de imposições sociais (como a irmã patricinha de Norman e o rechonchudo colega da escola) em meio às exposições visuais de uma animação que não se preocupa em trazer o 3D mais realista, mas sim a clara relação sem nexo que um longa do gênero atribui na condição de uma criança.

**** (3,5/5)
ParaNorman, EUA, 2012
Direção: Sam Fell, Chris Butler
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Anna Kendrick, Casey Affleck
Duração: 1h 33min


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Frankenweenie 
por Amanda Prates e Léo Balducci

(por Amanda Prates)
Eis que eu me deparo com a melhor animação indicada ao Oscar, mas com uma mensagem tão simples como as demais da categoria em questão. Ao recriar seu roteiro original de 1984, Tim Burton fez de Frankenweenie um “filme de massinha” capaz de resumir todo o seu estilo de fazer cinema imaginativo ao narrar a história de Victor, um garoto de feições sombrias e apaixonado pela ciência, que perde seu cão, Sparky, num acidente fatídico. O garoto então, numa noite de tempestade, emprega todos os seus conhecimentos científicos para fazer seu bichinho renascer, e o faz. O próprio diretor confessa que o longa-metragem é carregado de inspiração autobiográfica e o garoto da história é uma espécie de alter-ego dele, já que produz suas próprias películas e sempre era tratado como estranho na escola.

O filminho em stop-motion e preto-e-branco segue a mesma linha da primeira versão, porém, com uma extensão mais intensa, comovente, divertida e que tenta impor a mensagem de que o bizarro é algo mais que comum, ao apresentar personagens que fazem alusão a corcundas, zumbis e vampiros. Apesar de o desfecho de Frankenweenie cair num clichê previsível, tudo é tão deliciosamente agradável e carregado de aromas nostálgicos que esse detalhe pode até não passar por avaliações de um adulto que assiste. 

(por Léo Balducci)
Quando se ouve falar de Tim Burton, espera-se uma produção feita de pura fantasia e incrementada com uma atuação incrível de Johnny Depp sempre usando as maquiagens e figurinos mais extravagantes. De certa maneira esse conceito está certo, mas não exerce uma influência única com a provável animação ganhadora da estatueta da Academia, Frankenweenie. Na verdade, Burton soube drenar basicamente todas os sentimentos que podem ser atribuídos ao filme, desde lembranças pessoas e identificação até chegar à arte expressa do stop-motion, que realça todos os elementos presentes na trama.

Todo embaçado em preto e branco – assim criando um ar mais sombrio – e destacando características de alguns personagens (como formatos faciais e relevância nos traços) contribui para surgir a complementação da animação que nos conta a vivência de Victor Frankenstein e de seu cachorro Sparky.  Porém toda a dramatização do filme começa a fazer efeito quando o cão morre e na esperança de tentar trazê-lo de volta à vida, o garoto cientista resolve praticar seus dons numa experiência usando ondas de correntes elétricas e a força potencial de um raio. Apesar de surreal para qualquer época, Sparky retorna a vida, mas causa preocupação intensa em Victor após alguns de seus colegas descobrirem e tentarem fazer o mesmo com seus animais de estimação já falecidos. O modo como é empregado os sentimentos e as ações das personagens pode parecer até meio inconsequente, no entanto nos remete a refletir sobre nós mesmos recordando de quando perdemos nosso amigo peludo ou projetar nossas emoções em cada fala e momento de tristeza, assim confraternizando com a essência da produção. Não há como negar que nenhum dos alunos do tal escola, e muito menos o professor, deixam de ser vistos como próprios motivadores da sensação incessante do bizarro que tudo precisamente representa.

A conciliação das emoções faz com que Frankenweenie denomine as grandes possibilidades de trazer o Oscar para Tim Burton, que parece ter trabalhado constantemente na criação de um fundamento para a constatação do conceito de suas obras e de outros grandes marcos do cinema, principalmente dos anos 1930. A morte é estabelecida como incerta, mas nos permite desenvolver seu fim!

***** (4,5/5)
(Frankenweenie, EUA, 2012)
Direção: Tim Burton
Elenco: Charlie Tahan, Winona Ryder, Martin Landau, Martin Short
Duração: 1h 27min


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