Amor, traição, ambição, ódio, vingança e inocência reunidos no caldeirão de Justin Chadwick em “A Outra”

por Aline Alves

01:00 da manhã e o sono não vem, e aí que você começa a pular de canal em canal esperando que Deus coloque na sua vida algo ao menos  interessante. Foi aí que me deparei com o filme A Outra, dirigido por Justin Chadwick. Apesar de já o ter assistido, pensei que poderia revê-lo (eu e minha mania de ver filmes várias e várias vezes), foi aí que a luz do computador me chamou atenção, então o cenário composto por um computador ligado, uma caneca cheia de café e uma cadeira nada confortável (só me faltou o cigarro pra ficar poético) se tornou propício, pensei: “Vou brincar de escrever!”, mesmo me achando incapaz, inábil e outros adjetivos que já não cabem aqui sem que soem como um lamento autocomiserativo, me dispus a mesmo assim falar sobre.

O filme conta a história de Ana (Scarlett Johansson) e Maria Bolena (Natalie Portman), elas são como uma espécie de Dr. Jekyll and Ms. Hyde e a dualidade bem e mau, só que em dois corpos e não em apenas um. As duas irmãs se envolvem numa espécie de jogo para conseguir a atenção do rei, incitadas por seu pai e tio. O rei que inicialmente devia se engraçar (não achei uma palavra mais adequada) pelo lado de Ana acaba que se encantando por Maria, a bela, jovem, inocente que chega a ser boba de tão inocente, irmã mais nova. Ana, doente de ciúmes e não mais o centro das atenções, não mede esforços para que o rei fique com ela, buscando dinheiro, riqueza, luxo, e acima de tudo, reconhecimento do pai, mãe, irmã e do próprio rei. Ela estava mudada, experiente e começa seu joguinho de sedução levando o rei e o império a ruína. É importante ressaltar que tudo isso era para suprir a necessidade do rei de ter um filhinho, do sexo masculino já que a rainha não conseguia, não podia mais ter filhos.

Depois de crises aqui, crises ali e de todo um melodrama deveras exagerado, traição, casamentos arranjados e pessoas muito más e ambiciosas, e pessoas boas ao extremo e até uma insinuação de incesto, descobrimos que não temos o prazer, ou o Rei não tem o prazer de ter o tão sonhado herdeirinho, futuro Rei da Inglaterra, e tudo que ele consegue são meninas lindas e é isso que eu chamo de um puta de um azar.



O filme é baseado no romance de Philipa Gregory, de nome A Irmã de Ana Bolena. A autora passou dois anos no interior da Inglaterra estudando e pesquisando sobre os incidentes que ocorreram durante o reinado de Henrique VIII e reparou que havia muitas notas de rodapé com o nome de Maria Bolena, a suposta amante do rei antes de sua irmã Ana conquistá-lo e casar com ele. 

O longa tem sim muitas qualidades. Visualmente, é muito bonito, a fotografia, os cenários, os figurinos, evoluindo posteriormente para o belíssimo e impecável trabalho da direção de arte, e as atuações de Scarlett Johansson e Natalie Portman são de encher os olhos e, para quem gosta de filmes de época, é um prato cheio. Há quem o indique para cinquentonas que já não tem mais o que fazer. Quem sabe as adolescentes que sonham com o casamento e todo o blábláblá, professores de língua inglesa, gays, lésbicas, homens e mulheres de todo o mundo. Hoje eu, a intolerante, vou ficar neutra, ainda não me passou a alucinação e isso me faz escrever asneiras, então assistam sim ao filme e tirem suas próprias conclusões.

Já são 02:14 da manhã, o filme já está quase acabando, ainda não tenho sono, acho que posso escrever mais um pouco, é uma pena meu café já esfriou, não me sobra tempo para revisar o texto que espécie de escritora sou eu? Assim como Ana Bolena eu não sei brincar.

The Other Boleyn Girl, EUA/Reino Unido, 2008
Direção:  Justin Chadwick
Elenco: Natalie Portman, Scarlett Johansson, Eric Bana
Duração: 1h 55min

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