Review: A mistureba de "Os Instrumentos Mortais - Cidade dos Ossos"


Quando alguém vislumbra o título Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos no cinema, logo de cara já começa a imaginar uma produção cheia de ação, suspense e até uma pitada de terror, mas o resultado final é bem diferente do que muitos possam cogitar. O próprio cartaz já estampa rostos jovens que definem praticamente todo o filme, induzindo o espectador a crer que seja mais um para preencher a lacuna deixada por Crepúsculo ou então uma corajosa pretensão de algo mais maduro. Nem um, nem outro!

Para quem já está habituado com sagas teens, sabe muito bem que esperar cenas marcantes, diálogos convincentes e um universo realista é quase impossível, porém dá para se entreter bem e entrar nesse suposto mundo (Jogos Vorazes e Harry Potter conseguiram tal feito). Em Cidades dos Ossos, tudo é diferente! Assustada após assistir a um assassinato que somente ela conseguiu ver em uma boate, Clary Fray (Lilly Colins) começa a perceber que talvez seu próprio mundo guarde mistérios muito mais sombrios do que ela possa imaginar. Envolvida por um perturbador símbolo, a jovem descobre que faz parte de uma geração de caçadores de sombras, que tem instituto e tudo mais numa Nova York bem disfarçada. Quando sua mãe some sem deixar pistas, Clary sabe que terá que entrar nesse universo e lutar contra demônios, feiticeiros, vampiros e lobisomens - menos zumbis, pois segundo a trama, eles não existem -, onde para isso contará com a ajuda de seu melhor amigo Simon (Robert Sheehan) e do caçador Jace Wayland (Jamie Campbell Bower), por quem começa a desenvolver uma forte paixão e inicia seu triângulo amoroso (vide seu amigo Simon).

Pode parecer até clichê demais, só que a produção se salva por abordar tramas já não tão conhecidas pelo público infanto-juvenil. O risco do diretor Harald Zwart em introduzir, mesmo que de forma meio superficial, temas como homossexualidade e incesto é visível, afinal poderia gerar várias críticas para o incentivo de uma compreensão de um mundo muito maior (o que muitas pessoas ainda insistem em tentar evitar). Outro ponto alto da coragem do longa-metragem é exibir uma garotinha de uns 8 anos que se transforma em um demônio, assim como cães ferozes que se tornam envidados do mal ao virarem uma criatura indistinguível e nojenta.



Por outro lado, temos atuações que passam totalmente despercebidas, afinal são tantas cenas de ação mostradas na tela, que sobra uma imensa limitação para falas mais claras e feições abrangentes. E por falar na ação, pode-se dizer que ela, além de corroer grande parte da obra, deixa um pouco a desejar quanto o que realmente quer passar para o público, abusando de lutas desnecessárias – que são ágeis e com uma mudança tão drástica de câmeras, que fica difícil acreditar, até para o espectador mais desatento, que os atores estão ali mesmo. Embora a mitologia seja muito bem estudada, ela parece confusa em meio ao enredo , que só se preocupa em justificar, de forma quase que pedagógico (nos sentimos nas carteiras da escola enquanto os professores explicam, querendo dar mais detalhes, mas com poucos tempo de aula), aquilo que será necessário. A fotografia e direção de arte conseguem nos fazer pressupor que aquilo seja verdade – assim como bons efeitos especiais. A trilha sonora, por sua vez, conta com grandes nomes (como Demi Lovato, Jessie J, Ariana Grande, o DJ Zedd e Colbie Caillat), no entanto soa um tanto perdida nas cenas, como num eletrônico em meio a uma luta bem mais ao estilo grego e egípcio e Heart By Heart da Demi num campo florido de flores com a cena romântica dos protagonistas (chega a ser quase um clipe diante do tempo que dura).

Por fim, nos resta esclarecer que Cidades dos Ossos funciona como um bom entretenimento para tardes tediosas ou curtição com os amigos, sendo nada pretensioso em querer que nos lembremos de nada que alguém quisesse que esquecêssemos (fala da Clary). Sentimos falta um pouco dos ossos e dos instrumentos mortais, mas nada que Clary não conseguisse ocultar com suas falas sem sentido ou sua mão que mata demônios!



The Mortal Instruments: City of Bones
Diretor: Harald Zwart
País de Origem: EUA / Alemanha
Elenco: Lily Collins, Jamie Campbell Bower, Jonathan Rhys Meyers
Distribuidora: Paris Filmes (BR)
Ano de Lançamento: 2013
Duração: 2h 11min

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