Review: Medo e violência resumem "A Morte do Demônio"


Uma coisa é certa: os remakes são os grandes responsáveis por reviver ou afundar de uma vez por todas uma franquia! E Hollywood parece estar vivendo atualmente um processo bem democrático de readaptações, onde resgatar a essência do original e polemizar com temas genéricos no remake soam como a peça principal para se obter sucesso de bilheterias. Com isso o cineasta Sam Raimi não tem problemas, afinal após lançar a primeira versão de A Morte do Demônio, não somente teve êxito como também soube muito bem conduzir suas sequências – por mais irreais que possam se basear. Chegada à vez do estreante Fede Alvarez, o uruguaio por trás do curta Ataque de Pânico!, assumir a direção do remake nessa nova fase do terror, temos um filme mais referencial e cheio de pontos que influem em convencer o espectador que tudo aquilo pudesse mesmo acontecer de forma prática e habitual.

Construindo seu próprio conceito de induzir pessoas ao medo e desespero, A Morte do Demônio surge com o propósito de chocar pela sua grande demanda de insinuação de violência e um pouco de dessaturação, que repreende esse modo de jogar na tela cenas sem cor e frias. Apesar de fazer grande menção ao original, o longa vem como uma espécie de continuação e formula a criatividade do roteiro (que conta com contribuição de Alvarez), partindo da imagem de Mia (Jane Levy), uma jovem com problemas de drogas que conta com a ajuda dos amigos Olivia (Jessica Lucas), Eric (Lou Taylor Pucci) e seu irmão (Shiloh Fernandez) – que traz junto a namorada Natalie (Elizabeth Blackmore) – para fazer uma desintoxicação,afastando-se da cidade e passando o final de semana na velha cabana da família na floresta. Ao chegarem lá, eles percebem que o local havia sido invadido e descobre algo como um ritual no porão (cercado de gatos mortos), acompanhado de um misterioso livro. Intrigado com o objeto, Eric decide investir e acaba lendo desconhecidas frases em voz alta, o que desperta forças demoníacas que se escondem na floresta.

Uma das partes a ser levada em consideração na trama é a relação com que tratam a possessão demoníaca de Mia com o caso de desintoxicação, afinal é de se pensar que algo assim mexa com a mente de uma pessoa e provoque alucinações. E como em todos os filmes do gênero, sempre temos os típicos adolescentes que não sentem nenhum medo de verificar um barulho estranho, ler (mesmo quando avisado para não fazer) palavras de um livro com desenhos satânicos ou enfrentar um amigo endemoniado. Não é à toa que a classificação ficou nos 18 anos, tendo em vista os diversos membros amputados, o excesso de sangue e a voz maligna (e grosso) de um demônio que compreendem essas sensações de pavor e repulsa.


Para os amantes da versão de 1981, pode ser que faltem mais emoções e até mesmo os ares cômicos, apresentados por uma possessão que só ria, mas o desenrolar do enredo de 2013 corresponde às expectativas de uma narração mais derivada de diálogos concisos e explicações, até certo ponto, lógicas. Vale ressaltar como foi surpreendente a atuação de Jane Levy, que veio da série Suburgatory para interpretar um personagem vilão digno de atos como Pânico, absorvendo todos os temores de Mia e assumindo a horripilante aparência de um espírito demoníaco. Falando nessa aparência assombrosa, a maquiagem foi primordial para a elaboração dessa caracterização tão nociva e integrante de elementos como queimadura e um ataque de galhos (só assistindo para saber). Para tratar da assertividade do realismo, o diretor fez questão de usar materiais que pudessem transmitir vômitos de sangue, pedaços de vidro cortando parte da boca, uma faca cortando a língua, uma agulha entrando no olho e tantas outras que são vistas como uma quase tortura para o espectador, assim deixando de lado os atributos dos efeitos especiais. A Aflição pega muito mais do que o próprio temor da violência, que muitas vezes é utilizada com tanta abrangência que chega a não mais intensificar a quem assiste.

Assim sendo, A Morte do Demônio consegue se reinventar diante de tantas divergências no terror e conquista seu público, o que, por si só, já define sua identidade. E embora a trama comece a se sustentar com sua própria base, é bom deixar claro que remakes devem ser coerentes e vale a pena ver como isso irá se sobressair em resposta ao enredo já criado. Afinal, agora todos podemos cantar: “Baby, little baby, it’s time to say goodbye”!



Evil Dead
Diretor: Federico Alvarez
País de Origem: EUA
Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Jessica Lucas
Distribuidora: Sony Pictures
Ano de Lançamento: 2013
Duração: 1h 30min

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