SAGAS: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

por Léo Balducci

O texto a seguir faz referência à obra cinematográfica.

Tudo que a saga Harry Potter precisava para se tornar uma grandiosidade era, de fato, ter um lado mais sombrio e ao mesmo tempo trazer contemporaneidade, o que o diretor mexicano Alfonso Cuarón realizou com aplausos em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”. Não mais tardar do que a Warner poderia financiar, foram investidos 130 milhões de dólares para produzir a 3ª aventura do bruxo mais famoso de todos os tempos, o que serviu como inspiração para a produção de efeitos especiais perfeitos (diga-se de passagem, impressionantes como em “O Senhor dos Anéis”) e uma nova caracterização de ambientes.

Dessa vez, vemos Harry (Daniel Radcliffe) mais maduro e vivendo as nuances de ser um adolescente, com emoções afloradas e uma paciência nada redundante. Logo de cara temos o início marcado pelo jovem na casa de seus tios, em que temos a convidada especial tia Guida (Pam Ferris), que não consegue evitar fazer comentários de mau gosto, acaba sendo “vítima” das façanhas de um bruxo irritado. Cansado desses parentes intrometidos e nada hospitaleiros, ele resolve fugir de casa e partir em busca de mais um ano de aventuras em Hogwarts quando é surpreendido por um Nôitibus Andante, um ônibus que transporta bruxos perdidos. No entanto, tudo parece estar diferente agora que o prisioneiro Sirius Black escapou da Prisão de Segurança Máxima de Azkaban, até então ninguém havia conseguido o feito, e mostra certo interesse em encontrar Harry a pedido de “você sabe quem”. Com isso, o Ministério da Magia insiste em enviar Dementadores, seres sombrios que se alimentam de cada ‘partícula’ de felicidade da alma das pessoas, para proteger a escola, o que pode piorar e muito as coisas.


Um dos pontos altos da nova adaptação se dá pelo aprofundamento dos personagens e de suas histórias, que baseadas assim podem dar uma notoriedade para o rumo mais sombrio da saga. Além disso, temos os muito bem criados Dementadores, que dão todo o clima tenso e ao mesmo tempo enigmático que a produção exige. Evidentemente, pode-se notar uma reformulação de todos os cenários (onde é que fica mesmo a casa do Hagrid?), que passam a se adequar aos nossos tempos e fazer referências às aparências mais perspicazes dos alunos – que agora não usam mais os frequentes uniformes pesados, mas sim roupas de adolescentes. Cuarón soube muito bem dialogar com os elementos apresentados na trama e transformar o reflexo que os próximos livros de J.K. Rowling reservam. Para completar o elenco, consta o ator David Thewlis, que vem para viver o novo e amigo professor de Defesa Contra a Arte das Trevas (incrível como ninguém consegue permanecer no cargo; talvez o poder de inveja de Snape?), Michael Gambon, que agora interpreta Dumbledore – após a repentina morte de Richard Harris -, Emma Thompson, fazendo de forma brilhante a professora Trelawney (que tem o dom da arte da adivinhação) e Timothy Spall, o dentuço Pedro Pettigrew (impressão de que faltou queijo). Também vale levar em consideração o fluxo de atuações relevantes de Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, que aprenderam a proporcionar mais sensações de fidelidade aos espectadores enquanto estão em cena. Aqui, podemos desfrutar da história de um dos melhores livros do jovem Harry, quem dera tivéssemos um vira-tempo!

Embora as expectativas do terceiro filme tenham sido atingidas em alguns aspectos, é preciso ressaltar que o roteiro dessa sequência beira o trágico. Não há uma evidência clara de nenhuma conexão entre as tramas, parece que foram simplesmente jogadas e cabe ao espectador tentar compreender a sua maneira o que elas significam – não temos ganchos e nem mesmo pistas. O pior é que esse é um dos momentos cruciais da saga e traça a idealização de todo o contexto criado até então para depois iniciar toda a trajetória que se perdurará até a última produção. Decepcionante? Não, porém é visível uma organização não tão bem feita das descrições da obra literária, o que cauã um desconforto para quem assiste aparado somente pela produção cinematográfica. Para reviver as cenas de ação e emoção, vemos alguns instantes de Harry voando com o incrível Hipogrifo (constituído na conjunção de um cavalo com águia), que tornam toda a magia da computação gráfica ainda mais deslumbrante. Temos muitas cenas de comédia - incluindo a do Ernesto e a cabecinha do Nôitibus -, que dão uma 'pitada' mais carismática para a entrada do público jovem.

“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” surge como um salvador do possível fim desagradável da saga, afinal é apresentado construções magníficas de cenários aliado a uma vislumbraste obra-prima de efeitos visuais e bons conteúdos introduzidos pelos atores. Trata-se de um divertimento razoável para quem deseja ter transportado para as telas um pouco da essência das páginas. O único empecilho pode ser mesmo você se deixar levar pela imprevisibilidade de seus próprios Dementadores!

*** (3,5/5)
Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, Reino Unido/EUA, 2004
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson
Duração: 2h 21min

Comentários
0 Comentários

0 comentários: