SAGAS: Harry Potter e o Enigma do Príncipe
por Léo Balducci
O texto a seguir faz referência à obra cinematográfica.
E
o caminho do jovem bruxo começa a ficar estreito cada vez mais propício de
erros e com inúmeras complicações que se permeiam no decorrer do passado do
Lord das Trevas. Dessa vez, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” não
trabalha o pessoal, mas sim o impessoal, toda a perversão iminente das sombras
e o desencadeamento das situações mais precárias e desestimulantes. Ao
contrário de seus antecessores, a ação passa a ser mero coadjuvante diante da
dramatização e a consequência do isso influi no decorrer da trama.
Harry
Potter (Daniel Radcliffe) deixa claro que seu legado nesse universo
(como o eleito) é realmente confrontar seu maior inimigo ou, então, aceitar que
a morte é a única saída de se precaver do futuro cruel que lhe espera. Em meio
a vários acontecimentos, temos que nos centrar no mais importante. Aqui o tema
da vez é um livro escrito pelo Príncipe Mestiço, que registra nas páginas
velhas e empoeiradas do livro de Poções todos os métodos e aprendizagens de
feitiços e experimentos que conheceu durante seu ano levito. Não mais do que se
esperar, Harry acaba de apoderando das escritas e compartilhar do mesmo dom
impermeável e maligno que se escondendo em cada orientação enquanto lida com o
fato de estar se apaixonando por Gina Weasley (Bonnie Wright), a irmã
caçula de seu melhor amigo Rony (Rupert Grint) – que também desperta
emoções da irritante Lilá Brown (Jessie Cave) e ciúmes em seu amor desde
sempre, Hermione Granger (Emma Watson). Sem tempo para muito romances, o
bruxo inicia seus planos de matar Voldemort (Ralph Finnes) seguindo os conselhos
de Alvo Dumbledore (Michael Gambom), com quem compartilha as novas
descobertas do passado inesperado e triste do Lord das Trevas. No entanto para
ter certeza de como seguir a partir daqui ele deverá extrair uma importante
informação de seu novo professor de Poções Horário Slughorn (Jim Broadbent),
agora que Severo Snape (Alan Rickman) finalmente conseguiu seu tão
sonhado cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Apesar de termos
algumas cenas cômicas – vindas principalmente do ótimo desempenho de Grint com
seu personagem -, o filme segue uma complementação que vai além de qualquer
vínculo com a comédia, muito pelo contrário, traça uma passagem que faz com que
o drama fique mais profundo e desenvolva a estória escrita por J.K.
Rowling, que consegue com méritos criar uma subdivisão de fatos que
implementam os modos e artimanhas da sobrevivência de Harry. David
Yates não só conduziu muito bem a direção, como também trabalhou
incessantemente para a formação do gênero que a saga necessitava dominar,
certificando-se de que Harry Potter deixou de ser sinônimo de somente uma
franquia muito bem-sucedida para se tornar uma saga satisfatoriamente
consagrada. A atuação invejável tirada dos atores Jim Broadbent, Helena
Bonham Carter, adquirindo uma relevância fenomenal como Bellatrix
Lestrange, e Helen McCrory, que interpreta Narcisa Malfoy, é tão
impressionante que chega a dotar a noção de perfeição com que os personagens
são trabalhados e tem suas características visadas até o único detalhe. Entretanto,
quem deixa evidente que nasceu para ser ator é Alan Rickman, que
consegue suprir o destaque que é dado a Snape de forma tão elogiável que
palavras são poucas para descrever seu talento em extorquir cada parte íntima
do mesmo. Michael Gambom também faz uma ótima persuasão de
Dumbledore, não deixando transparecer em nenhum momento que o diretor de
Hogwarts seja um alvo intocável (na verdade, agora ele parece bem tocável). Tom
Felton surpreendeu a muitos quando, no momento mais imprevisto, soube
administrar Draco Malfoy com toda a insegurança e convicção que o personagem
buscava empregar.
O
enredo muito bem complexo não impossibilitou que Steve Kloves fizesse
seu melhor trabalho aqui, onde pode ter deixado a desejar perante os elementos
presente na obra literária, mas soube com maestria coletar apenas as
informações concludentes para a interpretação efetiva do público. “Enigma
do Príncipe” é descrito como a adaptação mais infiel às páginas de
Rowling, porém isso se faz necessário quando se têm em mãos grandes tramas que
devem ser seguidas conforme os acontecimentos propiciam. A direção de Arte e a
Fotografia dão seu último suor para trazer ambientes, cenários e contraste de
luzes e personificações impecáveis, tendo como confirmação a pura essência do entrosamento
da equipe. Um dos pontos altos que exerce a influência que o resultado desse
bom trabalho tem é a Sala Precisa, em que uma infinidade de objetos mágicos é
exibida com tamanha precisão que fica inevitável não recorrer aos pensamentos
mais insanos de tentar descobrir o que se espreita por ali ou por aqui.
Possivelmente os maiores aplausos venha do modo como o longa-metragem foi
projetado para as telas, não precisando se apoiar em cenas de ação
deteriorantes e cansativas ou fracas encenações de insustentáveis marcas do
poder de Voldemort, tendo em vista que nesse momento o mais primordial é se
focar na narrativa, recorrendo a flashbacks épicos que ajudam a entender os
motivos que levaram a tempos difíceis com esse. Nota-se que as justificações do
mundo mágico e tudo o que aconteceu para o que acarretou até aqui originaram
tanto “Enigma do Príncipe” quanto “Ordem da Fênix”,
pois ambos têm como objetivo principal introduzir o enredo da obra em sinônimos
de explicações.
A
batalha está começando e um grande céu nebuloso já começa a se instaurar e dar
a dinâmica entre a restauração do abalado time do bem, que agora está com
represarias de seu temido futuro. “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” é
o potinho que faltava para construir a levada do final, que por acaso descende
de encontrar as tão significativas horcruxes. Dessa vez, não há poção mágica ou
armário semidouro que garanta o cessar da guerra, na verdade, Harry vai ter que
tomar muita sorte líquida para poder enfrentar essa!
**** (4,5/5)
Harry Potter and the Half-Blood Prince, Reino
Unido/EUA, 2009
Direção: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson
Duração: 2h 33min