SAGAS: Harry Potter e o Cálice de Fogo
por Léo Balducci
O texto a seguir faz referência à obra cinematográfica.
Consagrando-se
cada vez mais como a saga mais lucrativa de todos os tempos, “Harry
Potter e o Cálice de Fogo” aparece num momento crucial para a
franquia, em que um amadurecimento imediato é o próximo capítulo a ser visto.
Percebendo que tanto os livros quanto os filmes demoravam cerca de dois anos
para serem apresentados ao público, Joanne Rowling tratou logo
de encarar o fato de que seus leitores crianças agora são jovens e até mesmo
adultos e exigem um enredo que seja desenvolvido conforme seu raciocínio mais
apurado. Portanto, o 4º filme do bruxinho chega para trazer o que tem de melhor
tem: muita ação, mistérios e feitiços!
A
princípio, somos introduzidos a Harry Potter (Daniel Radcliffe) fora da
casa de seus tios chatos, já na casa de seu melhor amigo Rony Weasley (Rupert
Grint). Para apreciar o que o mundo da magia tem de melhor, ele,
acompanhado da família Weasley e de Hermione Granger (Emma Watson), vão
acampar para poder conferir o maior evento esportivo bruxo, a Copa Mundial de
Quadribol. Assim que chega em Hogwarts, percebe que as coisas
continuam mudando e uma grande competição entre as 3 maiores escolas de magia
vem se aproximando. O Torneio Tribruxo escolhe um aluno de
cada escola para participar de 3 tarefas cruéis e até mortais, exigindo que os
mesmos tenham acima de 17 anos para poder se inscrever. No entanto, Potter
acaba sendo um dos papéis sorteados inesperadamente, já que além de não ter a
idade apropriada também se torna o 4º competidor. A partir daí, desperta uma
série de acontecimentos que desencadeiam num chamado do próprio Lord Voldemort
(Ralph Fiennes) para algo maior do reviver de seu domínio no
mundo bruxo.
É
muito inteligente de Rowling fazer uso de uma espécie de Olimpíadas para
destacar um aprimoramento na estória e ainda atrair jovens leitores para se aventurar
no contexto de sua obra. Temos aqui um dos melhores filmes de toda a saga
(dessa vez, o roteirista Steve Kloves achou o auge de seu
talento), devido ser promissor para o que está por vir nos próximos capítulos
da franquia, influenciando na origem e na estrutura dos caminhos que somos
guiados pelo jovem bruxo. Além disso, o mérito do diretor britânico Mike
Newell (O Sorriso de Monalisa) é extremamente merecido, tendo em vista
o modo como soube trabalhar com as características dos personagens e das situações,
construindo um elo perfeito entre o antes e depois num controle que complementa
o drama, a ação, o suspense e o romance. São de suma importância à presença dos
atores Brendan Gleeson e Miranda Richardson interpretando,
respectivamente, o professor excêntrico Olho-Tonto Moody e a jornalista sem
escrúpulos Rita Skeeter, que dão o toque final para uma interpretação que beira
tanto a comédia quanto a dramaticidade. Vale deixar claro que colocar Fiennes para
viver o papel de Voldemort foi, de longe, uma das melhores escalações já feitas
em toda a saga, onde o ator consegue fazer o vilão central como uma essência
tão grande que chega a ser impossível não começarmos a odiá-lo desde já.
A
fidelidade aos elementos e cenários do mundo mágico ainda é mantido pela equipe
tão especializada em arte que é inevitável não ceder elogios. A trilha sonora
também ganha um novo suspiro, agora idealizada pelo compositor Patrick
Doyle, que dá a reação necessária para que todo o enredo siga de forma
conclusiva, utilizando até mesmo de uma banda no Baile de Inverno, constituída
por Jarvis Cocker e Jason Buckle, do Pulp,
e Johnny Greenwood e Phil Selway, ambos do Radiohead.
E se a melodia já está tão boa, o quê se pode dizer dos figurinos? Bom, são
altamente feitos com precisão para a caracterização dos personagens e também
contribuem para a elaboração de sentidos que aprofundem as tramas, dadas com
direção própria e efetiva. Os papéis de Cedrico Diggory (Hogwarts), Vitor Krum (Durmstrang) e Fleur Delacour (Breauxbatons), os escolhidos das escolas para o Torneio Tribruxo, ficaram a cargo de, respectivamente, Robert Pattinsson, Stanislav Ianevski e Clémense Poésy, que souberam dar a dinâmica essencial das diferentes etnias e idiomas. E se Harry tem tanta habilidade assim em lidar com
situações extremamente perigosas, que vão desde escapar de um dragão Rabo
Córnio-Hungáro até mergulhar nas profundezas do Lago Negro e enfrentar a
pressão de um Labirinto Enfeitiçado, temos que aplaudir mais uma vez os efeitos
especiais, que agora tratam de gerar um papel ainda mais indispensável para a realidade
dos feitos.
A
utilidade de “Harry Potter e o Cálice de Fogo” só fica mais
eminente a cada cena teletransportada das linhas escritas por Rowling e traça
uma propagação bem mais abrangente das ironias e típicas sensações de um jovem
adolescente apaixonado, essas que dialogam com o amadurecimento sombrio
necessário da saga. Nem mesmo as considerações de mistérios ou o confronto
direto com o inimigo superam a insegurança e ansiedade de se convidar uma
garota para o baile (que fique anotado)! Afinal, "embora falemos línguas diferentes e tenhamos objetivos diferentes, o coração que bate em nossos peitos é um só"!
**** (4,5/5)
Harry Potter and the Goblet of Fire, Reino
Unido/EUA, 2005
Direção: Mike Newell
Elenco: Daniel
Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson
Duração: 2h
37min