SAGAS: Harry Potter e a Câmara Secreta
por Léo Balducci
O texto a seguir faz referência à obra cinematográfica.
Enquanto
muitos ansiavam pela estreia de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” nos
cinemas norte-americanos, toda a produção envolvida já começava a cuidar da
sequência, que prometia trazer uma sensação mais sombria à saga. De fato, “Harry
Potter e a Câmera Secreta” conseguiu ter elementos mais sombrios, mas
que se ofuscou perante uma trama desenvolvida no foco do tema principal, sem
contar as nítidas vezes em que alguns splots são jogados e desperdiçados.
Para
o segundo ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts,
Harry Potter (Daniel Radcliffe) recebe a visita do elfo doméstico Dobby,
que tenta evitar que o bruxo retorne aos estudos avisando-o que há uma grande
ameaça na escola. Não dando ouvidos, o garoto, agora com 12 anos, continua sua
jornada em busca de mais aventuras (aprender que é bom, nada né) e logo de cara
se depara com seu novo Professor da Arte de Defesa Contra as Trevas, o galã
escritor de livros Gilderoy Lockhart (Kenneth Branagh). No entanto,
estranhos casos começam a acontecer, incluindo alunos sendo petrificados, após
o mistério que ronda a Câmera Secreta, que acaba de ser aberta – libertando
assim todo o mal que há nela – pelo herdeiro de Sonserina.
Durante
todo o roteiro, temos algumas explicações sobre o enredo, como a construção de
Hogwarts pelos bruxos que dão origem aos nomes das casas comunais, porém nenhum
deles consegue se estender devido à falta de seguimentos que o filme procura
estabelecer (Só Dumbledore anunciando os professores pra gente entender). As
cenas de ação são muito mais presentes e não dialogam corretamente com as ações
dos personagens, que aqui tem suas características deixadas de lado, onde
embora o jogo de quadribol tenha sido elogiável e de tirar o fôlego - apesar da
fraca atuação de Tom Felton -, não consegue suprir toda a carência de tramas,
que acarretam no baixo ritmo que o longa acaba por gerar em algumas partes.
Outro ponto negativo destacado é a falta de emoção indicada na cena final, em
que o medo e a tristeza não se fazem tão impostos assim, e a demasiada ausência
de drama, que de novo parece ter sido ocultada para não prejudicar o andamento
do processo de descobrir o mistério. O constante caso de acusar Harry de ser o
tal herdeiro de Sonserina soou tão unânime que não contribuiu em nada para
alavancar uma hipótese que deveria persistir até o final.
No
entanto, a direção de arte mais uma vez merece grandes aplausos por projetar de
forma espetacular todos os cenários descritos na página do livro de J.K.
Rowling e centralizar cada detalhe numa minuciosa análise de ambiente e conexão
(ainda não alcançado) entre os mesmos. Os efeitos visuais continuam sendo
prioridade no filme (como não achar perfeito o desenho digitalmente de Dobby?)
e o americano Chris Columbus soube trabalhar com precisão no modelo que deseja
disso. Desse modo, temos feitiços mais bem introduzidos ao longo de sua
necessidade e uma encenação que parte dos ótimos (alguns) atores adultos já
consagrados, que agora recebem o reforço de Kenneth. Entretanto, nota-se uma
lacuna na intertextualidade conclusiva de todo a estratégia da produção (a
murta que geme teve uma importância tão mínima que virou mesmo motivo de cenas
cômicas e nada mais).
O
retorno do bruxo foi marcado por um carro quase destruído pelo salgueiro
lutador, o medo intimidador de Rony pelas aranhas e a incessante procura pelo
basilisco. Ainda que seja melhor que o primeiro, “Harry Potter e a Câmera
Secreta” serve como um bom divertimento para o público infato-juvenil (ainda
predominante) e a evidência do desafeto do diretor para com o desenvolvimento
seguro tanto de seus personagens quanto de cenas que exigem grande teor de
aprofundamento. Só faltou mesmo o Voldemort comendo pipoquinha!
*** (3,5/5)
Harry Potter and The Chamber of Secrets, Reino
Unido/EUA, 2002
Direção: Chris Columbus
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson
Duração: 2h 41min