Review: Muita sacanagem, bebida e um gângster mothafucka James Franco em "Spring Breakers"
A cena inicial nos apresenta o que está por vir, com vários jovens bêbados curtindo na praia e com seios à mostra e prontos para dar (no sentido mais sexual que possa ter da palavra) – tudo isso ao som de Skrillex. O quê aconteceria se quatro melhor amigas decidissem sair juntas para aproveitar as férias de verão? Muito sexo, drogas, roubo e prisão! Sem entregar muitos detalhes, quando elas resolvem deixar de lado a figura “garota comportada e pura” da cidade, percebem que o único jeito de partir para essa viagem de diversão e auto-conhecimento é roubar um pequeno restaurante e juntar o dinheiro da mesada (ou dos trocados dos pais). Após jogarem bebida na cara, dançar coladinhas com garotos e beijar suas amigas, eis que surge o tão misterioso, carismático e hilário Alien (James Franco). O gângster mothafucka traz outra visão para as garotas, que aprendem que o subúrbio é mais do que apenas vender drogas e se prostituir (mas que tem isso, não há como negar!).
Há quem diga que Spring Breakers poderia ser interpretado como um dos melhores filmes do ano se não pecasse tanto no exagero, porém é exatamente isso que faz com que a produção ganhe mais realismo, já que o mundo de verdade é cheio de pecados, atos impunes e inconsequentes, garotas que gostam de ser chamadas de “bitches” (não são todas, que fique bem claro) e envolvimentos pessoais sem o menor sentido. Enquanto as festas e cenas de perversão são tratadas com cores vívidas, o teor mais cinzento e sem cor aparece na escola, nas ruas da cidade e na sala de puritanos, - e temos também as visões mais fluorescentes retratadas em ambientes mais nocivos, desconfortáveis e atraentes. É ótimo o jeito como Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson e Rachel Korine conseguiram dar toda a essência que suas personagens precisavam e buscavam, exibindo a sincera ilustração do que garotas querem e gostam, mas é de James Franco quem parte todas as vivências da trama, desde o modo de enxergar até o de se comportar.
Algumas cenas podem ser até incômodas (bem explícitas), desajeitadas ou desprezíveis para o cotidiano de um filme adolescente, no entanto aqui o gênero é outro, abusando dos conceitos Cult e de concretizar o real nas telas (leia-se peitos, encochamentos e insinuações de todos os tipos). Os pensamentos de Faith (Gomez) tomam conta do espaço do filme, que parte da narrativa informal para refletir o que as situações possam revelar. Tudo é montado acerca de flashes, ora no distanciamento do passado ora no presente contínuo, que configuram a dramatização no desenrolar do enredo. Se por um acaso Britney Spears é a artista que te define, então você pode se identificar com a singela forma como Alien se refere aos seus momentos exaltados de drogas, onde a Princesa do Pop é vista como a única inspiração de liberdade e ação – estes que adquirem o tom de achar a si mesmo. Esse é o “sonho americano”, pois viver uma aventura dessas faz parte de qualquer jovem que queria ser ele mesmo.
Sendo assim, Spring Breakers é nada mais nada menos do que uma incessante e conturbada procura por se descobrir e se afirmar diante de uma sociedade incoerente e feita de defeitos, onde é necessário afrontar sua própria natureza e sentir seu último suspiro de autonomia. Com certeza, Harmony Korine apresenta aqui um de seus melhores roteiros, trabalhando ainda as consequências do real e a preferência pelo não julgamento da violência e imoralidade. Afinal, o que todos queremos mesmos são “Spring Breakers Forever“ (para os descompromissados com inglês, ‘Férias para Sempre’)!
Spring Breakers
Diretor: Harmony Korine
País de Origem: EUA
Elenco: James Franco, Selena Gomez, Vanessa Hudgens
Distribuidora: Universal Pictures (BR)
Ano de Lançamento: 2012/2013
Duração: 1h 32min