Review: "A Vida de Adele", ou azul é a cor mais quente


Baseado na história em quadrinhos de Julie Maroh, Le Blue est une Couleur Chaude, o filme que levou o prêmio Palma de Ouro no Festival de Cannes desse ano foi um dos favoritos de muitos, A Vida de Adele do diretor Abdellatif Kechiche, com Adele Exarchopoulos no papel principal.

O filme é um drama que explora a níveis muito profundos o despertar sexual de uma adolescente dentro de seu relacionamento com seu primeiro grande amor, que dá base ao foco de todo o enredo. Vemos Adele aos 16, até seus 20 e poucos anos, quando ela tenta carreira como professora.

Adele é inteligente e estudiosa, gosta de ler e tem seus casinhos com alguns garotos de sua sala. Ela inclusive tem uma quedinha por um deles, e é a caminho de um encontro com este que ela troca um olhar com uma garota de cabelos azuis, Emma (Léa Seydoux), por quem se apaixona de cara, e é com ela que tem o relacionamento que é o foco narrativo do filme.

Apesar de ser um filme sobre um relacionamento homossexual, é válido afirmar que todos os pontos explorados podem se encaixar em qualquer relacionamento, assim como qualquer pessoa pode assistir o filme e apreciar esta obra-prima moderna.


O que mais chamou atenção e, consequentemente, o que mais causou polêmica no filme foram as longas cenas de sexo explícito entre as duas amantes. Ênfase em “longas”. Alguns críticos chegaram até a dizer que a duração destas cenas tiraram um pouco o foco da história e do envolvimento sentimental com o relacionamento das duas para uma visão mais carnal daquele momento, que apesar de tudo era importante para a vida de Adele por ser sua primeira vez com alguém por quem ela estava perdidamente apaixonada.

Outro ponto interessante do filme é a visão que ele nos dá de algo tão real, embora tão artístico, que é, novamente, o relacionamento tratado durante grande parte dele. Há quem veja filmes apenas como uma maneira de entretenimento, para fugir da realidade, e esquecer um pouco dos problemas ou da vida no mundo real. Mas filmes como este nos fazem lembrar o real motivo pelo qual gostamos de cinema. Eles nos dão a incrível oportunidade de viver outras vidas, tão parecidas com as nossas, mas ao mesmo tempo tão distantes. Os sentimentos de Adele são tão reais, sua insegurança, seus momentos de descobrimento, sua dor e sua alegria são tão vívidos e tão fáceis de identificar, que repensamos e nos perguntamos novamente “por que gostamos tanto de cinema?”, lembrando das palavras de Oscar Wilde: “A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida.”

O veredito final foi de que o prêmio Palma de Ouro para A Vida de Adele foi, sem sombra de dúvidas, merecido, segundo quase todos os críticos e jurados presentes. As duas atrizes que atuaram nos papéis principais também levaram o prêmio, evento inédito no Festival. Nos resta agora esperar para assistir aqui no Brasil e ver se causará polêmica aqui também.





La Vie D'Adele
Diretor:  Abdellatif Kechiche
País de Origem: França
Elenco: Léa Seydoux, Adèle Exarchopoulos, Aurélien Recoing
Distribuidora: -
Ano de Lançamento: 2013
Duração: 2h 55min


Comentários
0 Comentários

0 comentários: