Review: O ápice de uma amizade obsessiva em "Colega de Quarto"

por Léo Balducci

Quando nos deparamos com um grupo de pessoas é comum encontrarmos aquelas que são mais próximas e as que preferem ficar mais isoladas socialmente, porém é quase inevitável nunca esbarrar naquela amizade possessiva que chega a ser até um incômodo. Abusando desse conceito, o cinema hollywoodiano costuma sempre trazer algum enredo baseado numa relação de extremo poder, em que alguém se comporta como se fosse dono do outro, atribuindo assim um fato doentio psicótico. E “Colega de Quarto” vem para exatamente retratar esse tema condizente com a contemporaneidade dos jovens, que cada vez mais parecem estar no controle de si mesmos e dos que estão ao seu redor.


O clichê exagerado chega ao fim quando conhecemos Sara (Minka Kelly), uma garota ambiciosa que opta por cursar moda em uma universidade afastada de sua cidade natal e começar a trazer sua independência enquanto tem que lidar com as situações típicas desse “ser dono de seu próprio nariz”, como dividir seu quarto com uma nova pessoa. E é aí que entra Rebecca (Leighton Meester), uma garota simpática e companheira que faz de tudo para se tornar a melhor amiga de Sara. No entanto, em meio a tantos hormônios juvenis e um novo namorado (Cam Gigandet), a universitária se sente pressionada ao perceber que situações estranhas e suspeitas surgem ao seu redor, como o distanciamento de sua antiga melhor amiga (Alyson Michalka) e a aproximação exageradamente perturbadora de sua colega de quarto.



Apesar de contar com algumas cenas um tanto quanto desnecessárias, temos a impressão de que a construção do roteiro foi montada com uma estrutura totalmente focada para um público de jovens adultos, onde cenas de sexo, gírias e cenários de baladas são usadas para fortificar essa ideia. Já o núcleo de atuação merece muitos aplausos, destinados mais a Leighton Meester, que soube dominar essencialmente sua personagem de mente perturbadora, obsessiva e doente – sua expressão foi tão real que parecia que estávamos mesmo diante desse ser humano possuído completamente pelas personificações do insano, egoísmo e possessão. Vale destacar que a semelhança entre as atrizes Minka Kelly e Meester atrapalha um pouco nossa compreensão por parte da trama em cenários mais escuros, mas contribuiu para a identificação dos objetivos da personagem. Entretanto, o ponto mais alto de toda a produção se dá no final de tirar o fôlego que prende nossas expectativas de tal maneira que piscar os olhos induz poder variar o ritmo frenético.

Então tenham “Colega de Quarto” como um filme de suspense que explora muito bem os caracteres da transição da adolescência para o mundo adulto envolvido nas conturbações que esse processo pode causar em algumas pessoas, unindo emoções de parecer (pra quem você torce?) que vão além de mortes insignificantes ou ansiedade repulsiva (tem até professor tarado e um pouquinho de atração lésbica). Nada melhor do que sentir a liberdade para fazer nossas próprias escolhas, só cuidado para não encontrar com uma Rebecca (e olha quem tem várias e vários espalhados por aí)!

*** (3/5)

The Roommate, EUA, 2011
Direção: Christian E. Christiansen
Elenco: Leighton Meester, Minka Kelly, Cam Gigandet
Duração: 1h 33min

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