SAGAS: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
O texto a seguir faz referência à obra cinematográfica.
Tornou-se
referência de Harry Potter o brasão do logotipo da Warner Bros. transcender a
tela, algo que no último filme da saga que virou sinônimo para o cinema não
poderia faltar. Essa introdução já prepara os fãs mais aflitos para as cenas
angustiantes e de conflitos que estão por vir, o que evidentemente cogita a
relação de “Relíquias da Morte – Parte 2” ser abordada com uma ação intensa e
revelações inacreditáveis (ou não). A adaptação cinematográfica se mostra,
basicamente, fiel aos detalhes impostos por J.K. Rowling nas quase 600 páginas
que formam o livro, mas também sabe adquirir personalidade própria e conferir
argumentações que dão toda a essência que os olhos podem ver.
Deixando
desnecessário qualquer sinopse iminente, o confronto direto com o inimigo é,
sem justificativa, esperado e contorna a contextualização que o diretor pode
propor para o final épico (mudando-o ou não). É claro que antes disso, Harry
Potter (Daniel Radcliffe) tem planos mais concretos para se certificar que
poderá enfrentar Voldemort (Ralph Finnes) e, no mínimo, garantir que a briga
seja justa, o que é voltado para a destruição das horcruxes – que, em lugares
cada vez mais inesperados, constituem um singelo suspense. Para os mais
perfeccionistas, a dimensão dada ao Banco Gringotes é, de longe, a mais
explorada até então do universo bruxo, que retém uma quantidade imensa da utilidade
dos efeitos especiais, incluindo o dragão que, abafado por viver numa represaria
do subterrâneo, enche os pulmões com tal ânsia que exemplificam a determinação
do trabalho dessa equipe – que desde o primeiro, dedica-se intensamente para
trazer seu melhor conteúdo. Diferentes dos primeiros filmes, esse não se prende
em deixar completamente explicado para o público cada elemento e transição que
é realizada, muito pelo contrário, compreende que o espectador é inteligente o
bastante para encontrar as respostas e descobrir os fatos mais escassos. E
David Yates se consagra numa virtude de direção que coube a ele converter a
originalidade da obra literária e ao mesmo tempo atribuir as melhores condições
que o cinema pode oferecer. A partir de agora, Harry é visto como seu próprio
defensor, com habilidades suficientemente comprovadas de vitórias, colocando a
seu julgar a salvação de seu mundo ou sua destruição.
Os diálogos podem não ser os mais sensitivos, como na Parte 1, mas conseguem,
de forma brilhante, conduzir as cenas, que também são complementadas pelo ótimo
desempenho das movimentações da câmera – causando a sensação única de cada
momento. Em nenhum instante, houve um medo de induzir um representativo de
violência ou um desgastante método de passar o horror daquela realidade com
sangue, já que toda a equipe soube dosar muito bem o que se pode ou não ser
exibido conforme seus objetivos – não trazendo um filme nem muito fraco e nem
pesado. Outro atrativo foi a fotografia de Eduardo Serra, que não poupou
dedicação para realçar toda perspectiva que cada cena permitia, estabelecendo
uma trajetória entre o sombrio e o trágico, o pânico e a impaciência, a magia e
a fantasia. Nada mais correto do que soltar elogios a Steve Kloves, que exerceu
o talento de criar um roteiro embasado no fundamental e no proposital, contribuindo
para o sentido que determinadas situações levavam. Sem cansar de ter seus
méritos reconhecidos, a Direção de Arte solta sua maior ênfase de produção e dá
um espetáculo de criatividade, que se permite ser explorado nas minuciosas
rochas se partindo em Hogwarts até os belos materiais de casa no Chalé das
Conchas. A trilha sonora de Alexandre Desplat foi suave e turbulenta,
propriamente dita de um êxito enorme no estudo das sonoridades.
Dessa vez, o convencimento passado por Radcliffe atinge seu auge e percebe-se
como o ator evoluiu tão rapidamente ao assumir sua interpretação mútua do
personagem mais popular da década no cinema, assim como Emma Watson e Rupert
Grint ostentaram suas atuações impecáveis e dignas de aplausos de,
respectivamente, a “sabe tudo” que parou de chorar Hermione Granger e o
atrapalhado que aprofundou seus sentimentos Rony Weasley. Maggie Smith retorna
para fazer a Professora McGonagall e não se limita aos poucos minutos de cena,
tendo um imenso destaque e fazendo valer a influência da personagem perante o
castelo da escola. No entanto, quem emociona e não evitou causar soluços de
choros nos fãs mais sensíveis foi Alan Rickman, onde ele se doa totalmente a
Severo Snape e estende a diversidade do personagem de tal forma que fica mesmo
difícil não se deixar levar pelo momento tão comovente, almejando o ideal e
criando a conectividade de Snape ao seu passado perturbador e com incessante
procura de emoções. Já Helena Bonham Carter pode não decepcionar no modo como
induziu Belatriz Lestrange, porém deixou um pouco a desejar (lógico, não por
sua culpa) no modo sem sentido e tão apressado que se despede de nossos olhos,
uma das cenas mais esperadas visualmente pelos fãs – e que foi meramente
ilustrativa. Fiennes nos deixa sem palavras, ainda que tenha sido considerado inoportuno
em certas aparições redundantes.
De qualquer maneira, não há como colocar defeitos no final – que, subitamente, faz-se
necessário do jeito como acontece sem mais nem menos. Então, as aventuras do
jovem bruxo se encerram em “Relíquias da Morte – Parte 2”, indicando um quadro de
vivências e lembranças que perduraram na memória de todos aqueles que se
espreitavam para o envolto do que acreditam, pois afinal as palavras são “nossa
inesgotável fonte de magia, capazes de formar grandes sofrimentos e também de remedia-los”.
O legado que Rowling deixou não acaba por aqui, já que é vital ser eternizado
em nossas mentes e nos permitir saber que, além de tudo, o que imaginamos e
criamos nunca poderá ser tirado e cabe a nós mesmos definirmos o que é
essencial para que, diga-se de passagem, um Lumus Maxima possa iluminar a
vistoria de nosso próprio Mapa do Maroto! Com um obrigado a Harry Potter, deixo
a seguinte frase na reflexão: "Claro que está acontecendo em sua
mente, Harry, mas por que isto significaria que não é real?"
***** (5/5)
Harry Potter
and the Deathly Hallows - Part 2, Reino
Unido/EUA, 2011
Direção: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson
Duração: 2h 10min