Review: Muito sangue, sedução e estacas no remake de "A Hora do Espanto"
Num mundo cada vez mais precário de
criatividade, onde tudo se adapta e nada é criado, temos os possíveis “salvos” das
refilmagens de alguns filmes clássicos, marcando assim uma linha tênue entre o
passado e a contemporaneidade. “A Hora do Espanto” se encaixa nessa relação,
mas gera um foco bem mais fraco do que se podia esperar do paralelo de uma
época em que a tecnologia é bem mais aprimorada e os efeitos muito superiores
do que se podia fazer na década de 1980. Mas então, qual o motivo das boas
bilheterias da refilmagem?
Pois bem, na versão mais recente temos a mesma história que traz Charlie
Brewster (Anton Yelchin), jovem que abandonou sua ‘vida nerd’ para poder se
sair bem no Ensino Médio e ainda de praxe ter a mais gata do colégio como
namorada. No entanto, a chegada de um cara misterioso à casa ao lado é um tanto
quanto intrigante, já que seu ex-amigo (nerd) Ed (Christopher Mintz-Plasse) desapareceu
após afirmar que ele é um vampiro. Ao constatar que tudo aquilo era verdade,
Charlie resolve recorrer ao único que pode ajudá-lo: um caçador de vampiros. Porém,
acaba se metendo numa grande confusão ao perceber que o grande Peter Vincent (David Tennant)
talvez seja apenas um mágico de araque e ter que caçar a criatura vampiresca
sem o apoio de sua mãe (Toni Collete) e namorada (Imogen Poots).
O longa-metragem costuma seguir os mesmos moldes do original, traçando uma
comédia de terror, e agradando a grande massa por usar efeitos especiais de
ótima qualidade e um enredo exageradamente simples. Um dos pontos positivos que
a trama traz é o fato de se apoderar de todos os mitos que constituem a
lendária linha de vampiros, desde se defender com água benta e cabeças de alho
até matar com estacas no coração e à luz do sol (nem mesmo o reflexo aparece no
espalho) – desmistificados por filmes como “Crepúsculo” – e tratar a criatura
noturna como um verdadeiro predador sugador de sangue (prefira sempre a
jugular) com transformação completa e tudo. Temos que nos atentar também
para os belos desempenhos dos atores, principalmente de Colin Farrell, que
parece ter adotado muito bem os métodos como o vampiro centenário Jerry. Por
outro lado, falta toda uma sensualidade e medo que o primeiro roteiro costumou
abusar, contudo até que as cenas cômicas apresentadas são medianas - cheias de estereótipos -, o que disfarça
um pouco toda a superficialidade que o script tenta transportar para as telas.
Considerando os créditos finais, podemos ressaltar que “A Hora do Espanto”
funciona como a engrenagem de um relógio grande, que precisa ter todos os
detalhes precisamente revisados para que não dê pane e deixe muitos
decepcionados por não poder apreciar à ‘hora’ lá da torre. O trabalho aqui
desenvolvido pelo diretor Craig Gillespie vai render uma sequência, que também
será inspirada no clássico número 2, e provavelmente deve se assemelhar aos diálogos
impostos pelo gênero batizado de 'terrir', que tem sido cada vez mais menosprezado
na indústria. Agora nos resta apenas torcer para que nenhuns dos nossos
vizinhos sejam ‘inuptos’ à luz!
Direção: Craig
Gillespie
Elenco: Anton
Yelchin, Colin Farrell, Toni Collette
Duração: 1h4
6min