Review: Dois olhares sobre "Smashed"
Um retrato modesto e pouco explorado da natureza de nossas
escolhas em Smashed
por Amanda Prates
À primeira
vista, Smashed pode parecer mais um
filminho norte-americano com cara de estrangeiro mal produzido sobre uma pessoa
(ou um grupo delas) que se vê, em determinado momento da vida, dependente do
álcool. Sim, só numa primeira impressão. Estamos tão acostumados com filmes que
tocam no problema alcoolismo com tanta sensibilidade e força que, quando surgem
filmes deste tipo, somos levados a desenvolver certa apatia para com o
roteiro. Mas não é bem assim. O longa-metragem de James Ponsoldt não choca, claro,
e é só uma versão amenizada das grandes produções que tratam deste tema, mas sem
o propósito de ser uma história propriamente dita sobre o alcoolismo. Smashed é apenas um olhar despretensioso
e contemporâneo sobre a natureza das escolhas que fazemos em períodos
específicos da vida.
Em seus míseros
85 minutos, somos convidados a acompanhar Kate (Mary Elizabeth Winstead), uma
professora do ensino elementar que, depois de certo tempo casada com Charlie (Aaron
Paul) – com quem sempre compartilhou a paixão pela música, curtição e bebida – percebe
que desenvolveu um comportamento associal, ao ponto de comprometer seu emprego,
e decide que algo tem de mudar. Mas a mudança não é fácil e ela tem consciência
disso. Ficar sóbria significa que ela terá que confrontar as mentiras que têm evitado, sua relação complicada com a mãe e até reavaliar a natureza de seu
relacionamento com Charlie. Na luta pela
recuperação da dependência, Kate encontra na figura de Jenny (Octavia Spencer),
integrante do Alcoólicos Anônimos, todo o suporte do qual ele necessita para reconsiderar
suas escolhas e se manter “limpa”.
Do primeiro ao
último minuto nos vemos impressionados com a performance de Mary Elizabeth
Winstead, sempre tão intensa e sensível mesmo compondo uma personagem
teoricamente tão simplória e vazia que é Kate. Mais do que qualquer triunfo, a
moça é o filme. Nas várias cenas de bebedeira e muita gritaria, ela busca uma
força interpretativa que muitos jurariam não ter, e pouco soa caricato. Aaron
Paul faz de seu Charlie um personagem sólido, de importância medida, e vezes
exagerado. Com toda a verdade em demasia entregada na sua representação em
Histórias Cruzadas (filme que lhe rendeu uma estatueta no Oscar 2012), Octavia Spencer aqui se mostra mais branda e faz de sua
Jenny um retrato fiel do ser humano comum, cheio de falhas e capaz de
reconhecer seu passado. Coloco-me no direito de dizer que todo o núcleo
coadjuvante se faz mera e facilmente com sua composição.
Se numa análise não
muito minuciosa, concluir-se-ia facilmente que o diretor/roteirista tinha todas
as fichas a serem entregues ao filme a partir desta premissa, mas não o fez. Preferiu
deixar que seu espectador entendesse a película como mais um produto mal
produzido da linha dramédia e que pouco se soube aproveitar o tema como
pouquíssimos sabem. Com o elenco que detinha, Ponsoldt poderia ter feito de Smashed um filme no mínimo sensível.
**** (3,5/5)
Os caminhos do alcoolismo em Smashed
por Cremilton Souza
Quem
não conhece os prejuízos que o alcoolismo traz as pessoas? Um vício que atinge
grande parte da sociedade. Opondo-se as virtudes e essas inclinações também
cabem ao meio familiar. O filme Smashed
dirigido por James Ponsoldt destaca os reflexos desse vício tanto no ambiente
familiar quanto no ambiente social. Com um baixo orçamento e produção
independente o diretor narra a história de Kate (Mary Elizabeth Winstead) e
Charlie (Aaron Paul), eles formam um casal que gosta de curtir a vida, movidos
a paixão pela música, sorrisos e álcool. No decorrer da trama, alguns
personagens vão tomando consciência sobre o caminho que eles estão seguindo e
decidem ou não mudar de rumo.
O
enredo inicia com o despertar do casal de protagonistas Kate e Charlie, ela uma
professora do primário que já começa o dia ingerindo uísque e isso acarretará
diversos acontecimentos desagradáveis para ela. Gostei da sintonia e química
entre Mary Elizabeth Winstead e Aaron Paul, principalmente da espontaneidade de
Mary Elizabeth que mostrou ser uma atriz bem dinâmica. O diretor também acertou
ao trazer o AA (Alcoólicos Anônimos) para dentro da história com vários
depoimentos referentes aos problemas e estragos que o uso contínuo do álcool
pode causar às pessoas com o mesmo dilema de Kate.
O
melodrama do alcoolismo atinge grande parte da população mundial, tendo em
vista essa questão foi criado o AA com o intuito de auxiliar no tratamento
dessa patologia, no entanto esse grupo formado com pessoas com as mesmas
adversidades relacionada ao álcool não podem fazer nada se a decisão de se tratar,
não partir do doente ou dependente, uma vez que só quando tomamos consciência
desse problema teremos chance de recuperação. Smashed nos revela que uma droga
puxa outra e que a euforia causada pelo o álcool é passageira e cada vez mais o
dependente químico irá procurar satisfazer as vontades do seu organismo, porém
para manter-se sóbrio é preciso ter muita força de vontade e determinação e é
fundamental o apoio dos integrantes do AA nessas horas e principalmente
daqueles que o novo participante elege como seu padrinho ou madrinha no grupo.
Sendo
assim, mesmo com baixo orçamento James Ponsoldt consegue transmitir em Smashed uma
mensagem de experiências, determinação, esperanças para resolver um problema
comum, ele prova que é possível se recuperar do alcoolismo basta a pessoa
aceitar que tem a doença e procurar um grupo de apoio, a fim de se ajudarem de
forma mútua. Já que o dependente não conseguirá vencer o vício sozinho, por
isso, é de fundamental importância o apoio dos familiares e de um grupo de
apoio. Nesse sentido, indico o filme a todos que tenha interesse em adquirir
mais conhecimento sobre o tema!
**** (4/5)
Smashed, Estados Unidos, 2012
Direção e roteiro: James Ponsoldt
Elenco: Mary Elizabeth Winstead, Aaron Paul, Octavia Spencer
Duração: 1h 25min